Grécia: Vários ex-primeiros-ministros partidários do 'Sim' já votaram no referendo
Porto Canal / Agências
Pouco depois da abertura das urnas às 07:00 (05:00 em Lisboa), o ex-chefe do Governo social-democrata, Yorgos Papandreu, foi dos primeiros a votar em Atenas, num dia em que são chamados cerca de dez milhões de gregos a decidir sobre o futuro do país e, provavelmente, a permanência na zona euro.
Papandreu sublinhou a necessidade da Grécia permanecer "no coração" da Europa, acrescentando que o país precisa de profundas alterações que requerem o apoio dos parceiros internacionais e que só depois destas serem concretizadas a Grécia "poderá dizer 'Não' aos resgates e poderá ser independente".
O ex-primeiro-ministro conservador Kostas Karamanlis também esteve entre os primeiros a votar, mas não quis fazer declarações ao sair, assim como o conservador e antigo chefe de Governo até janeiro, Andonis Samarás, que votou no círculo da localidade de Pilos, no sul do Peloponeso.
"Hoje os gregos estão a decidir o destino do nosso país. Se votamos 'Sim' na Grécia votamos 'Sim' à Europa", disse o líder da Nova Democracia, depois de votar.
Aguarda-se agora que o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, chegue em breve ao seu local de voto em Atenas.
As mais 19 mil assembleias de voto fecham às 19:00 (17:00 em Lisboa), antecipando-se uma longa noite para os líderes europeus e para os principais atores financeiros.
O referendo, o primeiro desde 1974, serve para os gregos decidirem se aceitam o programa apresentado pelos credores internacionais (Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) há mais de uma semana.
Contudo, esse programa já não existe, dado que Atenas falhou o pagamento de 1,55 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI) a meio da semana passada.
É exigida uma participação de pelo menos 40% do eleitorado para que o resultado do referendo seja considerado válido.
Os primeiros resultados devem ser conhecidos a partir das 19:00 (hora em Lisboa).
O Governo grego surpreendeu toda a gente na madrugada de 27 de junho, ao anunciar um referendo durante as negociações, e ficou assim arredado de receber, pelo menos para já, cerca de 12 mil milhões de euros que estavam a ser negociados com os parceiros europeus até novembro, e mais de 3,5 mil milhões de euros vindos do FMI.
O executivo Syriza liderado por Alexis Tsipras, bem como a direita nacionalista ANEL e os neonazis do Aurora Dourada, defendem que a resposta à pergunta sobre se aceita o programa de ajuda externa que estava em cima da mesa deve ser o 'Não', argumentando que um novo mandato do povo grego dará mais força negocial a partir de segunda-feira, quando a 'troika' se sentar novamente à mesa com as autoridades gregas.
Do lado europeu, a interpretação é contrária: um 'Não' significa, na verdade, um não à zona euro e à Europa, dado que a Grécia não tem condições para continuar a usar a moeda única sem assistência financeira dos parceiros.
Do outro lado da barricada estão os partidos da oposição (Nova Democracia, de direita, o Pasok e o To Potami, ambos de centro-esquerda), que apostam num 'Sim' como forma de garantir a ajuda financeira que a Grécia desesperadamente precisa para manter o país a funcionar.
Se for este o veredito dos gregos, há uma grande probabilidade de o Governo se demitir, sendo que o ministro das Finanças já disse explicitamente que o faria, bem como o primeiro-ministro, embora de forma menos direta.
MSF/JMG (MBA) // MSF
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