Estudantes de Coimbra exigem que Universidade "congele" valor das propinas
Porto Canal / Agências
Coimbra, 27 mai (Lusa) - A Associação Académica de Coimbra (AAC) e os estudantes senadores com assento no Conselho Geral (CG) da Universidade, que hoje se realiza, exigem que a instituição congele o valor das propinas.
Num documento a que a agência Lusa teve acesso, a ser entregue na reunião de hoje aos restantes conselheiros, a AAC sustenta que os estudantes universitários pagam "cada vez mais" para terem direito "a cada vez menos", aludindo ao aumento de propinas e taxas pagas pelos alunos, mas também à diminuição de bolsas concedidas, na última década.
"Não podemos aceitar este aumento das propinas e consideramos que é altura de, uma vez por todas, a Universidade de Coimbra se colocar ao lado daqueles que estão sempre na linha da frente na defesa da instituição e de se comprometer com o congelamento das propinas cobradas aos seus estudantes", lê-se no documento assinado por Ricardo Morgado, presidente da Direção-Geral da AAC.
No texto, os estudantes lembram que o CG vai discutir hoje o eventual aumento de propinas, recusando que se trate de uma "mera questão de gestão".
Criticam o que dizem ser a "falta de aposta" na Educação em Portugal, lembrando que as universidades vivem em "permanente asfixia" financeira e que a Universidade de Coimbra, em três anos, sofreu um corte de dotação de 33%.
Por outro lado, alegam que estudar no ensino superior "é, de facto, caro", aludindo a um estudo que cifra aquele valor nos 5.841 euros anuais por aluno e que revela a "real dificuldade" dos jovens em prosseguirem os seus estudos.
"Nos últimos dez anos, os estudantes da Universidade de Coimbra viram o valor da propina aumentar em 600 euros. Nos últimos três anos houve um aumento de 34,6% das taxas e emolumentos cobradas na Universidade de Coimbra (...) e um decréscimo de 29,4 % das bolsas de estudo atribuídas", num total de 1.507 bolsas, frisa o documento.
"Tal como em novembro [de 2012] os estudantes se mobilizaram contra os cortes impostos à Universidade, é hoje altura de a Universidade se mobilizar contra este aumento. É hora de perceber de que lado está a Universidade de Coimbra e até quando e até onde aceitará continuar a sobrecarregar os seus estudantes", adiantam.
Concluem rejeitando o que dizem ser "as inevitabilidades trágicas" e o discurso "do pensamento e da solução única" associado à subida do valor das propinas, expressando "frontal discordância" para com um aumento que dizem ser "socialmente injusto e estrategicamente errado".
"Da casa da razão espera-se mais do que o argumento do caminho único, do farol da democracia espera-se mais do que a insensibilidade social. Sejamos a capacidade de dizer não, sejamos a coragem que edificou esta Universidade", apela a AAC.
Antes da reunião de hoje, agendada para as 14.30, os estudantes de Coimbra realizam uma ação para sensibilizarem os conselheiros da Universidade a votarem contra o aumento de propinas.
Para o efeito foi instalado um "cemitério do ensino superior" no Pátio das Escolas, junto ao edifício da Reitoria.
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