Grécia: Manuel Alegre condena "ditadura da finança" e exige "firmeza" aos socialistas

| Economia
Porto Canal / Agências
Lisboa, 29 jun (Lusa) - O ex-candidato presidencial Manuel Alegre considerou hoje que a Europa está a transformar-se numa "ditadura da finança", seguindo a 'doutrina Brejnev' de soberania limitada, e exigiu aos socialistas europeus o fim das "meias tintas" na crise grega.

Posições que foram transmitidas pelo membro do Conselho de Estado e dirigente histórico socialista à agência Lusa, em que também classificou como "vergonhosa" a conduta do Governo português no conflito entre as instituições europeias e o Governo do Syriza.

Manuel Alegre disse estar a seguir com "preocupação e indignação" os mais recentes desenvolvimentos da crise grega, sustentando que o que se está a passar não atenta apenas contra a Grécia, mas contra toda a Europa.

"As instituições que estão a humilhar a Grécia estão também a humilhar todos os cidadãos europeus, porque estão a querer mostrar-nos que só há o caminho que eles próprios decidem e que os povos já não são livres de decidirem. A Europa está a transformar-se numa ditadura da finança e as posições dos seus responsáveis fazem-nos lembrar a doutrina Brejnev [antigo presidente do Soviete Supremo e chefe de Estado da União Soviética] sobre soberania limitada. O que se está a passar ficará para a História como uma vergonha", declarou Manuel Alegre.

O ex-candidato presidencial classificou também como "uma vergonha" a posição que tem sido seguida pelo executivo português na crise grega, caraterizando-a como "mesquinha", porque tomada sobretudo "por motivos eleitorais".

"O Governo português engana-se ou mente quando diz que os cofres do país estão cheios, mas estão cheios de dinheiro emprestado para pagar dívida. Por outro lado, se a Grécia sair do euro, é Portugal quem fica na linha da frente. Apoiar ou desejar a queda da Grécia é estar a abrir o caminho para a própria queda de Portugal", advertiu Manuel Alegre, aludindo, depois, ao facto de a Bolsa de Lisboa ter sido hoje a que mais caiu em toda a Europa.

Manuel Alegre criticou também o executivo de Pedro Passos Coelho e o Presidente da República, Cavaco Silva, por "parecerem ignorar" a importância geoestratégica da Grécia - algo que, na sua perspetiva, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, "compreendeu muito bem".

"Mas gostaria de ver os socialistas europeus com uma posição mais firme. Uma situação destas não pode ser abordada com posições de meias tintas", advertiu o membro do Conselho de Estado e dirigente histórico do PS.

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