Figueiró dos Vinhos expõe retrato de Malhoa que pode ser Beatriz Costa em menina

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Porto Canal / Agências
Figueiró dos Vinhos, Leiria, 19 jun (Lusa) -- "A Menina do Laço", de José Malhoa, eventualmente um retrato de Beatriz Costa em menina, integra a exposição "Os Caminhos do Naturalismo em Figueiró dos Vinhos. Casos e Mistérios", a inaugurar no sábado, no Centro de Artes local.

"(...) Pode relacionar-se com um retrato de menina, comentado por Beatriz Costa nas suas memórias", disse à agência Lusa Maria de Aires Silveira, curadora no Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC) -- Museu do Chiado.

Referindo que a mãe da atriz "era costureira em casa" de José Malhoa e que "um dia o pintor fez o seu retrato", Maria de Aires Silveira pergunta: "Será este retrato que agora se apresenta? Será a filha da costureira?".

"Apresenta-se o mistério d''A Menina do Laço', mas não se pode afirmar que se trata de Beatriz Costa. As datas coincidem, as parecenças com fotografias de juventude da jovem atriz são muitas. É um caso e um mistério", assinalou.

Luís Borges da Gama, investigador que estudou este retrato, adiantou que Beatriz Costa repetiu várias vezes ao longo da sua vida ou nos seus escritos: "Malhoa pintou-me o retrato", "Fui modelo do Malhoa", "Pareces uma Gioconda pequenina... -- e pediu-me que ficasse quietinha porque ia fazer o meu retrato".

Na mostra de Figueiró dos Vinhos, um outro retrato vai estar em destaque, o de Adalberto Soares Pereira do Amaral, conservador do Registo Predial e "timorense que se envolveu no ambiente político de Figueiró e na rivalidade de dois jornais que serviam esferas políticas opostas".

"É um caso interessante pelas implicações sociais e políticas, mas também pelo interesse da aquisição desta pintura, em 1961, pelo diretor do MNAC, Eduardo Malta, por considerar que iria demonstrar a inexistência de racismo em Portugal, no período em que se iniciou a guerra colonial", observou Maria de Aires Silveira.

A curadora acrescentou que "o suicídio do retratado envolve um segredo nunca desvendado e muito referido nos jornais da época".

A mostra, que apresenta 12 pinturas e seis esculturas, mantém a temática de uma outra que esteve patente o ano passado "relativa à ligação dos caminhos do naturalismo em Figueiró dos Vinhos, mas numa outra perspetiva", dando ênfase à temática do retrato.

"A exposição apresenta obras dos escultores Simões de Almeida, tio e sobrinho, ambos naturais de Figueiró, e, ainda, um excelente retrato de Simões de Almeida tio, da autoria de Ferreira Chaves", explicou a curadora.

A exposição também inclui "aspetos paisagísticos de Figueiró, de José Malhoa e Henrique Pinto, artistas naturalistas do Grupo do Leão, que se encantaram pela natureza e pessoas de Figueiró".

"Henrique Pinto casou na terra e José Malhoa construiu uma casa de férias, onde passava metade do ano e a que chamava 'Casulo' [adquirida e recuperada por este município do distrito de Leiria]", exemplificou.

As obras são na sua maioria de acervos de museus, como o Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, Museu de José Malhoa, Palácio Nacional da Ajuda, Casa-Museu Anastácio Gonçalves e de colecionadores particulares.

A mostra é inaugurada às 16:00 de sábado e vai estar patente até dia 30 de outubro.

SR // SSS

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