Estudo revela faiança encontrada no Mosteiro de São João de Tarouca

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Porto Canal / Agências
Tarouca, Viseu, 20 mai (Lusa) -- O estudo tipológico de 2.782 peças de faiança portuguesa de olaria encontradas durante a escavação arqueológica do Mosteiro de São João de Tarouca, da autoria do arqueólogo Luís Sebastian, vai ser lançado no sábado, no Porto.

Intitulada "A faiança portuguesa de olaria na intervenção arqueológica no Mosteiro de São João de Tarouca", a publicação reflete cerca de uma década de trabalho multidisciplinar, no âmbito da escavação daquele complexo monástico, que decorreu de 1998 a 2007.

As 2.782 peças de faiança portuguesa de olaria identificadas foram constituídas pela colagem de mais de 13 mil fragmentos, num total de 226.701 quilogramas.

"O espólio produzido pela escavação foi imenso e, sobretudo em termos de cerâmica, são números colossais. Temos de tudo: cerâmica vermelha, preta, porcelana, da China, cerâmica de Espanha, da Holanda, de Itália", disse Luís Sebastian à agência Lusa.

O maior grupo de peças encontrado foi de faiança portuguesa, "daí o estudo ter sido tão moroso".

"Normalmente, em escavações de grande dimensão, que produzem um espólio tão grande, o problema depois é conseguir os meios para estudar tanto material", explicou o também diretor do Museu de Lamego.

Segundo o arqueólogo, "é aí que Portugal tem falhado mais, porque até tem havido escavações de grande dimensão e que têm produzido grandes quantidades de espólio, mas depois há o problema de conseguir ter a capacidade para o estudar todo sem entrar em colapso".

"Este caso tem um fim feliz, porque o estudo foi terminado e agora vai ser publicado", frisou, considerando que este é um dos maiores trabalhos de registo gráfico realizado em Portugal.

Em nove anos, foram escavados mais de 3.500 metros quadrados, estando a área musealizada desde 2013, ao abrigo do projeto Vale do Varosa (da Direção Regional de Cultura do Norte).

Foram encontradas moedas (393), objetos metálicos (1.388), elementos arquitetónicos (1.433) e objetos em materiais diversos (281). A cerâmica atingiu cerca de 117 mil fragmentos exumados, num total que se estima pudesse chegar aos 200 mil.

No entanto, segundo Luís Sebastian, durante a escavação, havia a preocupação de preparar o espaço para ser musealizado.

"Para isso, enquanto arqueólogo, por mais que me apetecesse, não podia escavar até ao limite, até ao zero. Fomos atravessando o século XIX, o século XVIII, o século XVII, o século XVI e quando chegámos ao período medieval tivemos que preservar a maior parte das estruturas", explicou.

Esse é um dos motivos por que, apesar de este ter sido um mosteiro fundado no século XII, a maior parte do espólio exumado ser datado entre os séculos XVI e XVIII.

Por outro lado, acrescentou, "no período medieval não se utilizava tanto a dinâmica de consumismo", que se começou a verificar no século XVI e que levou à existência uma maior quantidade de cerâmica.

"A cerâmica espelha muito bem a mudança de mentalidades ao longo dos séculos. Começaram a verificar-se as questões do colecionismo e da moda. Um serviço de loiça deixava de ser usado simplesmente porque saiu de moda, enquanto no período medieval não havia esse tipo de comportamento, as peças eram usadas durante mais tempo", explicou.

A apresentação da obra será feita por Luís Fontes, da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, na Casa do Infante.

AMF // SSS

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