Mar 'invadiu' ruas de Viana no cortejo maior da Romaria d'Agonia
Porto Canal / Agências
Viana do Castelo, 17 ago (Lusa) - O mar 'invadiu' hoje as ruas de Viana do Castelo com caravelas, construção naval e monumentos emblemáticos da história marítima retratados no cortejo principal da Romaria d'Agonia, que mobilizou 3.000 figurantes e milhares de espectadores.
Ao longo de um percurso de 2.300 metros, que demorou praticamente 3 horas a completar, desfilaram pelas ruas da cidade mais de trinta carros alegóricos em 135 números diferentes, distribuídos pelas componentes histórica e etnográfica.
Incluindo desde mordomas devidamente trajadas e carregadas de ouro a operários, lenhadores, ainda mais de 60 atletas náuticos ou até taberneiros, varinas e pescadores, este cortejo recriou ainda a forte devoção local à Senhora d'Agonia, padroeira dos pescadores, inclusive com a réplica de uma embarcação de pesca a desfilar.
A Romaria d'Agonia de 2013 é subordinada ao tema "Viana Caravela do Mar", colocando em destaque a relação histórica do concelho com a atividade marítima ao longo dos séculos. Por isso mesmo, o cortejo etnográfico deste sábado recriou edifícios emblemáticos, desde as muralhas do forte de Santiago da Barra, que protegia a cidade das invasões marítimas, às casas dos pescadores e tabernas da tradicional ribeira de Viana do Castelo.
Também a construção naval, desde as caravelas em madeira construídas localmente no século XVI ao navio-hospital (hoje museu) Gil Eannes, construído em 1955 nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), mereceu plano de destaque neste cortejo, sempre perante o olhar atento de milhares de pessoas que se concentraram ao longo de 15 ruas da cidade.
A Sebastião Almeida, um operário dos ENVC de 52 anos e com 33 de casa, coube a responsabilidade de representar os estaleiros no carro alegórico que assinalou os 69 anos de atividade, numa altura de indefinição para o futuro de todos os 620 trabalhadores.
"Custa-me muito o momento que estamos a viver. Os estaleiros são tudo para mim, por isso é com orgulho que estou aqui, neste lugar", explicou à Lusa este trabalhador dos estaleiros, de fato-macaco e maçarico nas mãos, várias vezes aplaudido pela população ao longo do cortejo.
Também como é da tradição, alguns dos números motivaram a participação de quem assistia a tudo, na rua, desde a disputa por um copo de vinho servido no momento ou por um bocado de broa típica.
"Pediram-nos um cortejo com um forte pendor histórico e penso que cumprimos o objetivo. Além disso também assistimos a uma forte interação com o público, que era o que pretendíamos", explicou à Lusa Francisco Sampaio, presidente executivo da comissão de festas da Senhora d'Agonia.
As festas só terminam a 20 de agosto, feriado municipal e dia da padroeira dos pescadores (Senhora da Agonia), com a tradicional procissão ao mar e ao rio, envolvendo quatro andores e mais de uma centena de embarcações de pesca e de recreio.
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