Economia volta a crescer ao fim de 30 meses mas ainda com muitas reservas

Economia volta a crescer ao fim de 30 meses mas ainda com muitas reservas
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Porto Canal

O Produto Interno Bruto português (PIB) cresceu 1,1% no segundo trimestre, face ao trimestre anterior, dando sinais de vida após dois anos e meio a cair, mas economistas, oposição e o Governo olham com prudência para os resultados.

Os dados divulgados hoje pelo INE na sua estimativa rápida para o desempenho do PIB entre abril e junho deste ano mostram um crescimento real da economia na ordem dos 1,1%, em comparação com os primeiros três meses do ano, altura em que caiu 0,4% também em cadeia (face ao trimestre imediatamente anterior).

Apesar de a economia, em termos técnicos, ter saído da recessão, em termos homólogos o PIB continua a cair. A quebra apresentada neste segundo trimestre do ano foi de 2% face ao segundo trimestre do ano passado, e só não foi mais expressiva devido a uma queda mais leve do investimento (em especial na construção) e por um efeito de calendário (a celebração da Páscoa em março deste ano, quando no passado foi em abril) que provocou assim uma aceleração expressiva das exportações de bens e serviços.

Assim, a economia cumpriu também 10 trimestres de queda em termos homólogos.

O INE piorou ainda, pela segunda vez, os números da contração em termos homólogos do primeiro trimestre deste ano.

A primeira estimativa apontava para uma quebra de 3,9%, no destaque anterior foi revista para 4% e agora passa a 4,1%.

A explicação segundo o INE é a incorporação de informação mais recente sobre o comportamento do comércio internacional de bens, fazendo revisões nos valores (em termos nominais) e ao nível dos deflatores (que afetam o valor em euros, como é o caso da inflação, sem denotar um verdadeiro crescimento) para o 1º trimestre de 2013.

Portugal surge como o país com maior crescimento, considerando a variação em cadeira, entre os 21 países que forneceram dados ao Eurostat, mas em termos homólogos estão entre os 4 piores resultados entre 22 países dos quais o Eurostat dispõe de dados, empatado com a Itália no terceiro pior resultado. Estes números ficaram conhecidos no mesmo dia em que o Eurostat deu a conhecer dados que apontam para um crescimento trimestral de 0,3% na zona euro e na União Europeia.

Apesar dos dados mais positivos do segundo trimestre, as projeções mais recentes, divulgadas pelo Banco de Portugal, apontam para que no conjunto do ano a economia recue 2%, um valor mais otimista que a previsão do Governo e da 'troika', que preveem um recuo de 2,3%.

Entre os partidos, as visões são naturalmente diferentes. A esquerda põe água na fervura enquanto os partidos que suportam a maioria elogiam os resultados.

O vice-presidente da bancada parlamentar do PS, José Junqueiro considerou que os números divulgados pelo INE revelam que “o país está pior, porque a economia agravou-se 2%”, enquanto o dirigente do Bloco de Esquerda, José Gusmão, considerou precipitado concluir que os dados marcam o fim da recessão e o comunista José Lourenço considera que estes não representam crescimento, mas apenas um abrandamento da recessão.

Pedro Pinto, do PSD, defendeu que os resultados conhecidos hoje, assim como a descida da taxa de desemprego, demonstram que o esforço dos portugueses não é em vão, e diz que que está a ser seguida uma "linha governativa de grande exigência" que deve ser mantida, enquanto João Almeida do CDS-PP já alinha por um discurso mais prudente, mas defende que o mérito destes resultados é das empresas, empresários e trabalhadores.

A CGTP por sua vez considerou que os dados conhecidos hoje indicam que “a economia continua em recessão”.

Também o ministro da Presidência, Marques Guedes, diz que “é preciso prudência” na leitura destes números, apesar de dizer que estes resultados "consolidam a ideia de que o caminho traçado dá sentido aos esforços dos portugueses".

As interpretações são muito cautelosas do lado dos economistas. As previsões para o resultado conhecido hoje apontavam para um crescimento no segundo trimestre entre 0,3% e 0,6% e este resultado acaba por ser bastante superior.

Ainda assim, a Universidade Católica diz que o desempenho “surpreende pela positiva”, mas alerta que “ainda é cedo para falar em inversão do ciclo económico” em Portugal. A Informação de Mercados Financeiros (IMF) também considera este número como positivo, mas afasta para já inversão de ciclo.

António Pires de Lima, ministro da Economia, também defendeu “prudência” na análise dos dados do crescimento económico no segundo trimestre, mas disse que dão a indicação de que Portugal pode estar “num momento de viragem económica”, pelo que 2014 poderá ser “estabilização económica”.

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