Maria Luís Albuquerque diz que consequências da actuação dos gestores do GES e BES são "lamentáveis"
Porto Canal
A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, considerou hoje que, à luz dos factos agora conhecidos, é possível dizer que as consequências da atuação dos gestores do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES) são "lamentáveis".
"É possível hoje dizer que as consequências da atuação dos gestores desse grupo são lamentáveis", afirmou a governante na sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES.
A ministra acrescentou que também "são lamentáveis as falências de empresas de menor dimensão", mas que "não faz parte do leque de instrumentos que o Governo tem ao seu dispor apoiar empresas do setor não financeiro".
Questionada sobre o conteúdo de uma reunião que teve com Ricardo Salgado em 2014, ainda antes do colapso do BES, Maria Luís Albuquerque voltou a dizer, tal como havia feito na sua primeira audição na comissão, que "o que foi solicitado é se havia disponibilidade de financiamento da Caixa Geral de Depósitos (CGD) ao ramo não financeiro do GES".
E acrescentou: "O que os representantes do GES, nomeadamente, o dr. Ricardo Salgado, me transmitiram eram as dificuldades financeiras da área não financeira. Nunca o dr. Ricardo Salgado nos pediu, ao Estado português, para usar o mecanismo de recapitalização dos bancos".
Confrontada com uma questão do deputado do PSD Carlos Abreu Amorim sobre a afirmação de Ricardo Salgado no parlamento de que a única coisa que o GES precisava era de tempo, a governante jogou ao ataque.
"Neste caso, como noutros que me ocorrem, tempo é dinheiro. E isso é que aparentemente não havia", destacou.
Relativamente à exposição do BES ao GES, a governante sublinhou que a informação que sempre lhe chegou do supervisor bancário é que tinham sido tomadas medidas para isolar o banco do grupo.
"A informação que existia pública sobre o BES e o GES era do meu conhecimento. Mas havia informação que só o Banco de Portugal enquanto supervisor é que tinha. Sempre confiei no Banco de Portugal, porque é ao Banco de Portugal que cumpre essa responsabilidade", vincou.
"Sabemos hoje que, caso as medidas do Banco de Portugal tivessem sido cumpridas, teriam evitado a contaminação do banco", assinalou.