Representante da Santoro quer análise das "opções de consolidação"
Porto Canal / Agências
Lisboa, 05 mar (Lusa) - O administrador do BPI que foi indicado pela Santoro, 'holding' de Isabel dos Santos, fez uma declaração de voto no relatório da administração do BPI sobre a oferta do CaixaBank, pedindo um regresso à análise das opções de consolidação.
"No atual momento do setor financeiro português - em particular face ao ambiente de baixas taxas de juro e margens reduzidas - é meu entendimento que a estratégia para o futuro da banca passa por movimentos de consolidação", lê-se na declaração de Mário Leite da Silva.
O responsável sublinhou que "o Banco BPI estava, à data do anúncio preliminar de OPA [oferta pública de aquisição] a analisar um processo de consolidação nacional, o qual pode ser prejudicado pelo lançamento desta oferta, já que o calendário de implementação desta oferta pode não ser compatível com os calendários anunciados para este processo".
Mário Leite da Silva referia-se à manifestação de interesse feita pelo BPI à compra do Novo Banco, entidade resultante da resolução do Banco Espírito Santo (BES).
"Por isso, apesar de o relatório demonstrar que a oferta tem um cariz oportunístico, é meu entendimento que se devia ter ido mais longe. Esta oferta é, na minha opinião, inoportuna e não alinhada com os melhores interesses da instituição, dos seus acionistas, dos seus trabalhadores e demais 'stakeholders', devendo o Conselho de Administração regressar tão prontamente quanto possível à análise das opções de consolidação", salientou.
Além do interesse no Novo Banco, o BPI tem em mãos a proposta feita pela empresária angolana Isabel dos Santos, segunda maior acionista do BPI, através da empresa Santoro, para que se iniciem conversações entre o BPI e o BCP - onde a Sonangol detém a maior posição acionista - com vista a uma fusão.
Na terça-feira, tanto o BPI como o BCP confirmaram que tinham recebido uma carta da empresária angolana, em nome da Santoro Finance, a propor uma fusão entre os dois bancos portugueses.
Entre outros pontos, Mário Leite da Silva, na sua declaração de voto, considerou que o Conselho de Administração do BPI, na resposta à OPA do CaixaBank (que é o seu maior acionista), devia ter emitido a sua opinião sobre "matérias tão importantes e fundamentais como o destino dos projetos em curso em Angola e Moçambique e a falta de proximidade cultural do CaixaBank em relação a esses projetos, e o destino da parceria com o Grupo Allianz", sublinhando que o relatório hoje divulgado "é omisso" em relação a estas matérias.
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