Exposição do Grupo ao ES Bank Panamá e ESFIL aumentou 580ME

| Economia
Porto Canal / Agências

Lisboa, 05 mar (Lusa) - A exposição do Grupo BES ao ES Bank Panamá e à Espírito Santo Financiére (ESFIL) aumentou 580 milhões de euros entre dezembro de 2013 e junho de 2014, o que representará a violação de uma deliberação do Banco de Portugal.

O primeiro sumário executivo da auditoria forense realizada pela Delloite a pedido do Banco de Portugal, a que a Lusa teve hoje acesso, dá conta de que o BES desobedeceu ao supervisor bancário ao aumentar em cerca de 580 milhões de euros a exposição do Grupo BES ao ES Bank Panamá e à ESFIL, naquele período.

Isto porque o Banco de Portugal já tinha proibido o BES de dar mais crédito ao universo da Espírito Santo Financial Group (ESFG), entidade que controlava precisamente o ES Bank Panamá e a ESFIL.

O documento, o primeiro dos cinco sumários executivos da auditoria forense, revela ainda que no mesmo período "existe também um aumento de exposição do ES Bank Panamá e da ESFIL à Espírito Santo International (ESI) e à Espírito Santo Resources (ESR)", no valor de 699 milhões de euros.

A Delloite refere que os responsáveis das áreas de operações (disponibilização de fundos) e de controlo da exposição em mercado monetário face aos limites internamente definidos pelo BES "não tinham conhecimento das determinações do Banco de Portugal nem do destino dos fundos tomados pelo ES Bank Panamá e pela ESFIL" junto do Grupo BES.

A auditoria alude ainda às garantias associadas aos empréstimos concedidos pelo Grupo ESFG (ES Bank Panamá e ESFIL) à Espírito Santo Internacional e à ESR no final de novembro de 2013 no valor de 1.393 milhões de euros, afirmando não ter conseguido verificar que a exposição "estivesse de forma permanente e integral coberta por garantias prudentemente avaliadas".

Um outro caso de potencial incumprimento, mas também classificado como "potencial prática de atos dolosos de gestão ruinosa", diz respeito a duas cartas, de junho de 2014, assinadas e emitidas por Ricardo Salgado e José Manuel Espírito Santo, a dois clientes da Venezuela, o Banco de Desarollo Economico y Social Venezuela e o Fondo Desarollo Nacional Fonden, relacionadas com títulos de dívida da ESI, no valor de 365 milhões de dólares dos Estados Unidos [329 milhões de euros ao câmbio atual], numa altura em que a administração do BES já não podia assumir mais responsabilidades financeiras.

O documento dá conta do teor das cartas: "Durante os próximos meses é intenção da Rio Forte Investment, S.A., proceder à emissão de dívida que substituirá a dívida da ES International, S.A. tendo em conta este facto, o Banco Espírito santo, S.A., nas datas de vencimento abaixo indicadas, colocará os títulos em mercado secundário ou assegurará a liquidez necessária de forma a permitir o reembolso programado".

O Jornal de Negócios divulgou na quarta-feira à noite que a administração do BES liderada por Ricardo Salgado "desobedeceu ao Banco de Portugal 21 vezes entre dezembro de 2013 e julho de 2014" e "praticou atos dolosos de gestão ruinosa", citando a auditoria pedida pelo supervisor à Delloite.

JMG// ATR

Lusa/fim

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