Festival "Terras sem Sombra" cria dinâmica no Alentejo
Porto Canal / Agências
Lisboa, 04 mar (Lusa) -- A diretora executiva do Festival "Terras sem Sombra", que se realiza no Baixo Alentejo, afirmou que, ao associar a música erudita ao património cultural, este certame "poderá dar um estímulo significativo para ajudar o território a 'não morrer'".
Sara Fonseca falava na apresentação da programação da 11.ª edição do Festival, que marca a estreia de Juan Ángel Vela del Campo como diretor artístico, sucedendo a Paolo Pinamonti.
O Festival, disse Sara Fonseca à Lusa, "tem um orçamento de atividade na ordem dos 130.000 euros, mas não estão contabilizadas todas as sinergias criadas com as autarquias, que facilitam meios, transporte, etc.".
O Festival, organizado pela diocese de Beja, acontece este ano de 14 de março a 04 de julho, em oito concelhos baixo-alentejanos -- Almodôvar, Odemira, Sines, Grândola, Santiago do Cacém, Castro Verde, Moura e Beja - e, além da programação artística, inclui um programa dedicado à biodiversidade.
Sara Fonseca disse ainda que a organização do festival aguarda, desde o ano passado, "o desbloqueamento dos fundos financeiros comunitários, por parte da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região do Alentejo".
A responsável referiu que o festival foi contemplado com verbas da União Europeia, no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), no biénio 2012/14, mas "dadas as poupanças efetuadas há ainda fundos a receber, que não foram desbloqueados por questões burocráticas".
O historiador José António Falcão, diretor-geral do festival, salientou à Lusa "o trabalho abnegado e totalmente voluntário de todos quanto participam na organização", e salientou o esforço de poupança, referindo que "muitos dos pagamentos dos artistas são feitos por ajuste direto, sem outros intervenientes, e com a facilidade dos conhecimentos do diretor artístico".
A "criação de públicos" é um dos objetivos do festival, que Sara Fonseca afirma ser "uma tarefa lenta", mas para a qual se mostrou confiante: "Os alentejanos carregam no ADN a música e a beleza".
O novo diretor do Terras sem Sombra, Ángel Vela, de 67 anos, tomou posse do cargo em julho passado, e foi um dos três nomes apresentados por Paolo Pinamonti, a convite da direção do festival, depois de se ter demitido de funções de diretor artístico, em junho, invocando "indisponibilidade temporal", disse Sara Fonseca.
Segundo a responsável, que quer "as coisas transparentes", Ángel Vela assinou com a diocese um contrato por três anos.
À Lusa, o programador espanhol garantiu que a atual programação foi totalmente gizada por si, e prometeu "uma maior estrturação" na do próximo ano.
Ángel Vera que, entre outras atividades, é crítico de música do diário El País, disse à Lusa que "é espetador há oito anos do festival" e que admira nele "a serenidade com que acontece, a ligação com o meio ambiente e o empenho das populações".
Sara Fonseca, por seu turno, realçou que "o festival mexe com a economia regional, cria ebulição, antes e depois", dos diferentes eventos.
A responsável adiantou que se prevê este ano um "maior intercâmbio com Espanha, do ponto de vista gastronómico".
"'Chefs' da localidade espanhola de Castroverde, próximo de Zamora, virão a Castro Verde [no Alentejo] fazer as suas comidas, como eles dizem, com os ingredientes alentejanos, e há ainda uma demonstração do conceituado restaurante madrileno La Casa, em Beja".
Esta demonstração gastronómica deverá acontecer em Beja, como atividade paralela, à exposição do escultor galego Agustín Ibarrola, sem data marcada ainda.
O festival, denominado este ano "O Magnum Mysterium. Diálogos musicais no sul da Europa. Séculos X - XXI", abre no dia 14, em Almodôvar, na igreja de Santo Ildefonso, com o concerto "Mediavalia ibérica: Monodias e polifonias hispano-portuguesas dos séculos X a XIV", pela Schola Antiqua, sob a direção de Juan Carlos Ascensio Palacios.
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