Costa diz que Presidente da República lançou o país "numa lenta agonia"

Costa diz que Presidente da República lançou o país "numa lenta agonia"
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Porto Canal

O secretário-geral do PS, António Costa, considera que a generalidade das sondagens dá-lhe indicações positivas, critica o Presidente da República por ter colocado o país "numa lenta agonia" e afirma-se apreensivo com as fraturas culturais na Europa.

Posições que foram assumidas por António Costa em entrevista concedida aos jornalistas Vicente Jorge Silva e Maria Elisa Domingues, hoje publicada por ocasião do lançamento do novo diário digital "Ação Socialista" (www.accaosocialista.pt e através da página do PS em www.ps.pt) e em simultâneo na edição mensal em papel do jornal oficial do PS.

Questionado sobre o facto de o PS dar a sensação de que cristalizou nas sondagens na casa dos 38 por cento, o líder socialista contrapôs outra leitura e classificou como positivos os indicadores disponíveis.

"Quanto ao facto de o PS estar consolidado na casa dos tais 38 por cento, é preciso sublinhar que, apesar de tudo, são sete pontos acima do último resultado eleitoral que o PS obteve [nas eleições europeias]. E são 12 pontos à frente do segundo partido e seis pontos à frente da coligação governamental da direita", advogou o líder socialista.

António Costa considerou depois que, neste momento, ainda se está "a uma distância bastante razoável das eleições legislativas".

"Há uma contradição insanável entre a ansiedade dos portugueses que querem uma mudança já e esta lenta agonia em que o Presidente da República lançou o país, que transformou as próximas legislativas numa maratona", criticou o secretário-geral do PS.

Interrogado se está desiludido com a atuação do chefe de Estado, António Costa referiu que, na sua perspetiva, Cavaco Silva "não tem lido bem os sinais do país e, por isso, se vive numa certa paralisia".

"O Governo não tem mais nada a dizer. Tinha um programa que era o programa da 'troika' (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional), não tinha programa para depois da 'troika', continua a não ter, enquanto a oposição está tolhida porque não pode fazer mais do que oposição. E as pessoas querem de facto mudança", declarou o líder socialista.

Sobre a indefinição do PS em relação às próximas eleições presidenciais, António Costa alegou que o seu partido "nunca escolheu presidentes da República".

"Apoiou candidatos a Belém. O que é fundamental para as pessoas serem candidatas é quererem ser candidatas. Acho que o país sente falta de se rever em presidentes da República como aqueles que elegeu com o apoio do PS", disse, numa alusão a Mário Soares e Jorge Sampaio.

Em relação à situação nacional e da União Europeia, António Costa defendeu que a atual crise "é muito mais grave do que uma crise da União Económica e Monetária".

"O que esta crise veio revelar é que há, no conjunto da Europa, fraturas culturais e preconceitos que são verdadeiramente dramáticos. Quando ouvimos o senhor Wolfgang Schauble [ministro das Finanças germânico] referir-se aos povos do sul em geral e aos gregos em particular, ou o que verdadeiramente no sul se sente em relação aos alemães, nós percebemos que há muito mais divisões na Europa do que nós imaginávamos depois destas décadas de União Europeia", observou o secretário-geral do PS.

Neste contexto, António Costa advertiu que "tratar o problema da Grécia como um problema de contabilidade de dívida é ignorar completamente quer as raízes da nossa civilização quer a posição geoestratégica fundamental que a Grécia tem no mediterrâneo".

"É um erro trágico que Portugal e outros países insistam em fazer uma espécie de concurso para ver quem é menos grego", avisou ainda.

Numa entrevista com várias críticas ao executivo de Pedro Passos Coelho, António Costa reiterou a sua tese de que o país tem de se concentrar "em resolver os problemas estruturais" de competitividade.

A solução, de acordo com Costa, não se resolve "com um choque de empobrecimento, mas com um choque de qualificação".

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