PS diz que "brilharete" foi feito à custa do investimento público
Porto Canal / Agências
Lisboa, 23 jan (Lusa) - O PS considerou hoje que o "brilharete" conseguido pelo Governo de ter ficado cerca de 700 milhões de euros abaixo das metas estabelecidas para o défice de 2014 foi conseguido à custa de "sacrifícios futuros" e de cortes no investimento público.
"Não podemos esquecer os custos sociais e económicos desta estratégia orçamental e este brilharete é isso mesmo, um brilharete que foi feito à custa de sacrifícios futuros e de sacrificar o desenvolvimento do país no futuro à custa do investimento público", afirmou o deputado do PS João Galamba, em declarações aos jornalistas no parlamento.
Segundo a síntese de execução orçamental de dezembro hoje divulgada pela Direção-Geral do Orçamento (DGO), o défice das administrações públicas desceu 1.761,5 milhões de euros em 2014 face a 2013, atingindo 7.075 milhões de euros e melhorando o objetivo do Governo para o ano passado.
Ainda de acordo com a DGO, o défice das administrações públicas em contabilidade pública (tendo em conta o registo da entrada e saída de fluxos de caixa) desceu de 8.835,5 milhões de euros em 2013 para 7.074 milhões de euros em 2014.
O Governo antecipava que o défice das administrações públicas nesta contabilidade se fixasse nos 7.729 milhões de euros, o que corresponde a 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com as estimativas mais recentes do Ministério das Finanças, divulgadas no Orçamento do Estado para este ano (OE2015).
Num comentário a estes números, João Galamba disse que não pode ser esquecido que "grande parte do resultado orçamental" é fruto do "enorme aumento de impostos do ano passado que foi liquidado em 2014".
Além disso, acrescentou, existem outros valores "muito preocupantes" e que explicam o facto do Governo ter ficado cerca de 700 milhões de euros abaixo das metas estabelecidas, nomeadamente o corte no final do ano "em quase 700 milhões no investimento público".
"Ou seja, para fazer um brilharete de curto prazo sacrificou o futuro do país, sacrificando investimentos que são fundamentais, também para execuções orçamentais futuras", declarou.
O deputado socialista sublinhou ainda que é preciso lembrar "o enorme custo social" do exercício orçamental de 2014, como os problemas na Saúde, na Justiça e na Educação que são "fruto da austeridade" imposta pelo Governo, bem como o facto de mais de 50 mil crianças terem perdido o acesso ao Rendimentos Social de Inserção e de cerca de 40 mil terem já este ano perdido o abono de família.
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