PCP quer explicações sobre despedimentos em fábrica que recebeu fundos comunitários

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Porto Canal / Agências

Peniche, 19 dez (Lusa)- O PCP vai questionar o Governo sobre as verbas comunitárias atribuídas à nova fábrica da Ramirez, em Matosinhos, para gerar emprego, quando a conserveira vai despedir 40 trabalhadores em Peniche, disse hoje nesta cidade o deputado João Ramos.

"Como é que constrói uma unidade com fundos comunitários, com o objetivo de criar novos postos de trabalho, quando o que se verifica é o despedimento de 40 trabalhadores da unidade de Peniche, uma vez que a sua transferência para Matosinhos é sempre difícil", questionou o deputado comunista, em declarações à agência Lusa.

João Ramos adiantou que o PCP vai pedir explicação à ministra da Agricultura e do Mar na Assembleia da República.

O deputado mostrou "preocupação por serem despedidos trabalhadores com mais direitos para entrarem mais trabalhadores precários".

O comunista defendeu que as indústrias de transformação do pescado "deverão continuar disseminadas pelo país", perto dos vários portos de pesca, criticando por isso a intenção da empresa Ramirez em concentrar a produção em Matosinhos.

O deputado reuniu-se com representantes do Sindicato das Pescas, Sindicato das Indústrias da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB), que representa os trabalhadores das conserveiras, e também com a Associação de Armadores da Pesca do Centro e com a Cooperativa de Armadores da Pesca Artesanal.

Outra das preocupações transmitidas pelas organizações ao deputado do PCP foi a escassez de sardinha nas unidades conserveiras e de transformação do pescado, para a qual contribui a interdição de captura deste pescado desde 19 setembro até janeiro de 2015.

"Se até aqui não havia dificuldades, agora as conserveiras já estão a laborar com sardinha de Espanha ou com sardinha congelada", alertou.

Para o PCP, não faz sentido o Governo afirmar que aposta nas potencialidades do mar e que o "país está no bom caminho com o investimento em novas unidades e em novas conserveiras, quando está a contribuir para a escassez da sardinha".

Em novembro, a Ramirez informou que vai encerrar as fábricas de Peniche e de Matosinhos e concentrar os trabalhadores e a produção numa nova unidade em Lavra, a ser inaugurada maio, no concelho de Matosinhos.

A empresa já comunicou aos trabalhadores "a decisão de encerrar as duas unidades atuais" em Leça da Palmeira (Matosinhos) e Peniche e "transferir toda a produção para a nova unidade", a fábrica denominada "Ramirez 1853", localizada em Lavra, outra das freguesias do concelho de Matosinhos.

O investimento de 18 milhões de euros e a necessidade de concentração da produção e da mão-de-obra são justificados com a antiguidade das atuais unidades, que "laboram há 60 anos e já não se compadecem com os desafios de espaço e as novas exigências das certificações nacionais e internacionais" exigidas às indústrias conserveiras.

Os postos de trabalho "estão assegurados" na nova fábrica, de acordo com a empresa.

Contudo, a maior parte dos trabalhadores tem mais de 50 anos e não pode mudar-se para o norte, preocupações já manifestadas pela câmara de Peniche.

A fábrica de Peniche tem 30 trabalhadores permanentes e dez temporários.

FYC // ZO

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