Centenário do combate de Naulila (Angola) assinalado em Viseu
Porto Canal / Agências
Viseu, 17 dez (Lusa) -- O centenário do combate de Naulila, ocorrido a 18 de dezembro de 1914 no sul de Angola, no âmbito da I Grande Guerra, é assinalado na quinta-feira, em Viseu.
De manhã, realizam-se cerimónias militares no Regimento de Infantaria (RI) 14. À tarde, é descerrado um memorial na Avenida Capitão Homem Ribeiro e feita uma homenagem aos combatentes do RI 14 que participaram neste combate e, depois, na Câmara, é apresentado um livro da autoria do coronel Pedro Esgalhado.
A organização explica que, "perante a ameaça de invasão das colónias de Angola e de Moçambique que faziam fronteira com as colónias alemãs por parte da Alemanha", Portugal organizou duas expedições militares para as proteger.
"Em agosto de 1914, é organizado em Viseu, no RI 14, o 3.º Batalhão de Infantaria 14, constituído por voluntários provenientes de 23 regimentos espalhados pelo território nacional, que, juntamente com outras forças, integrou as forças expedicionárias ao sul de Angola", num total de quase mil homens, explica.
Estas forças eram comandadas pelo tenente-coronel Alves Roçadas, "para defesa desta província e manutenção da soberania de Portugal das ameaças alemãs provindas da Damarelândia (atual Namíbia), então colónia alemã".
No dia 18 de dezembro de 1914, forças alemães invadiram o sul de Angola, atacando o Forte de Naulila, que estava guarnecido, "entre outras forças de artilharia e cavalaria, por militares da 9.ª e 12.ª Companhia do RI 14".
Esse momento ficou conhecido na história militar como combate de Naulila, tendo tombado no campo de batalha o capitão Artur Homem Ribeiro, o alferes Joaquim Maria Alves, o segundo sargento Alberto Sena Mendes, o primeiro cabo José Luiz Botelho, o soldado José Viegas e muitos outros.
"Foi o primeiro grande combate de tropas portuguesas com alemãs no âmbito da Grande Guerra, muito antes ainda de a Alemanha ter declarado guerra a Portugal (a 09 de Março de 1916)", refere a organização.
O livro "O Combate de Naulila (18 de Dezembro de 1914). A cobiça de África ou um prelúdio para duas guerras", uma coedição de Quartzo Editora e da Liga dos Combatentes, é prefaciado pelo diretor do Museu Militar de Lisboa, coronel Luís Sodré Albuquerque.
No prefácio, Luís Sodré Albuquerque refere que o livro "descreve como aconteceu um combate que deveria ter tido um desfecho diferente".
"Dado que o resultado não foi o esperado, bem pelo contrário, o 'combate' converteu-se em 'desastre'", acrescenta.
Na sua opinião, trata-se de "uma obra de divulgação histórica que permite, mesmo a um leigo neste assunto, ficar com uma ideia sobre o acontecimento e os seus antecedentes e que dá pistas para aprofundar o conhecimento de qualquer leitor sobre a envolvência portuguesa na Grande Guerra".
AMF // SSS
Lusa/fim