Precários Inflexíveis preparam lançamento de rede internacional de trabalhadores

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 11 dez (Lusa) - O lançamento das bases para a criação de uma rede internacional de trabalhadores precários deverá marcar a segunda edição do Fórum Desemprego Precariedade, que a associação Precários Inflexíveis realiza a partir de sexta-feira em Lisboa.

"Propomo-nos lançar as bases para construir uma rede internacional de trabalhadores precários para podermos espelhar uma situação que infelizmente não é exclusiva de Portugal, é bastante transversal em particular no sul da Europa", disse à agência Lusa João Camargo, adiantando que no fórum participarão ativistas de Espanha e Itália.

Para João Camargo, o segundo fórum Precariedade e Desemprego, agendado para de 12 a 14 de dezembro, acontece numa altura em que a precariedade se agravou na Europa e em Portugal, sendo necessário por isso juntar esforços para encontrar respostas concretas aos problemas dos trabalhadores.

"De há um ano para cá houve uma tentativa de normalizar a precariedade", disse, considerado que as alterações à legislação laboral não enfraqueceram apenas os trabalhadores com situações mais frágeis como os contratos temporários ou os recibos verdes, mas também os contratos sem termo.

"Um contrato de trabalho vale hoje muito menos do que há três anos", sublinhou, dando como exemplo a situação dos funcionários públicos, com a mobilidade e a categorização dos trabalhadores, que, segundo disse, "permitiram precarizar o que toda a gente dava como seguro".

"A precariedade está a transformar-se na norma do trabalho em Portugal", reforçou João Camargo, apontando que mais de metade da população ativa portuguesa está desempregada ou tem um trabalho precário.

Para os Precários Inflexíveis, neste momento assiste-se em Portugal a uma "explosão do trabalho temporário" através de empresas multinacionais de colocação de trabalhadores, que contam "com o beneplácito e até favorecimento por parte do Governo".

Em cima da mesa está, segundo José Camargo, uma proposta que prevê que sejam estas empresas a colocar as pessoas no mercado de trabalho.

"É quase como concessionar o IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional) a empresas de trabalho temporário. É uma perspetiva assustadora, mas que está em cima da mesa e é uma proposta concreta", disse.

Os recibos verdes continuam a ser "cronicamente uma situação muito grave que atinge entre as 800 mil e um milhão de pessoas no país", acrescentou.

José Camargo entende que o diagnóstico da precariedade está feito e que a situação em que a população vive é "autoexplicativa", sendo, por isso, altura de avançar com respostas práticas para problemas concretos.

"Pretendemos abrir neste fórum um espaço para oficinas(...) para ter respostas práticas. Estamos a procurar começar a construir um plano que signifique um combate mais sério contra a precariedade e que possa levar a que vários milhares de precários e precárias deste país possam ouvir estas propostas e discuti-las", disse.

Que futuro terá a Segurança Social num mundo de precários e desempregados? Como se acaba com o buraco negro do trabalho temporário? Como lutar contra o Tratado Transatlântico de Comércio e Investimento EUA-UE?, Como é a vida num call center? são algumas das perguntas para as quais o fórum procurará "respostas coletivas".

Do programa do fórum, que abre com um debate sobre as mudanças no trabalho e na classe trabalhadora, constam intervenções de Isabel Serra, do partido espanhol Podemos, de ativistas da Juventud Sin Futuro e do projeto Precarity and Youth (Espanha) e da CLAP -- Camera del Lavoro Autonomo e Precario e da Connessione Precaria (Itália).

Contará ainda com a participação via teleconferência de Ruy Braga, autor de "A política do precariado" e Guy Standing, autor de "O Precariado, a nova classe perigosa, entre outros.

De acordo com as estatísticas oficiais, Portugal conta atualmente com 1,3 milhões de trabalhadores com vínculos precários.

CFF//GC

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