Movimento de Viana acusa Câmara de querer obra "faraónica" na praça de touros
Porto Canal / Agências
Viana do Castelo, 03 dez (Lusa) - Um movimento pró-touradas de Viana do Castelo acusou hoje o presidente da Câmara Municipal de "inventar" uma "obra faraónica" ao anunciar a transformação da antiga praça de touros da cidade em pavilhão desportivo.
Em comunicado, o movimento Vianenses pela Liberdade afirma que aquele "projeto faraónico" vai custar "muitos milhões de euros" e "endividar ainda mais um município que vive uma situação económica trágica".
"Devido à gestão ruinosa que José Maria Costa tem realizado, a autarquia tem uma dívida astronómica de mais de 100 milhões de euros, quando existem em carências, problemas sociais e de pobreza gravíssimos", sustenta o grupo de aficionados.
A agência Lusa pediu ao presidente da Câmara que se pronunciasse sobre a posição do movimento pró-touradas, mas José Maria Costa escusou-se a fazer qualquer comentário.
A praça foi construída em 1948 e teve uma intensa atividade inicial mas, nos últimos anos, ficou reduzida a apenas um espetáculo anual, por altura da Romaria da Senhora d'Agonia, o que aconteceu pela última vez em agosto de 2008. Está encerrada desde 2009, altura em que Viana do Castelo se declarou como cidade antitouradas.
O grupo local Vianenses pela Liberdade, responsável pela organização da última tourada realizada na cidade, em setembro passado, acusou ainda o autarca socialista de estar a "atentar contra o património da cidade" para "apagar a centenária história taurina de Viana".
Esta semana, José Maria Costa explicou, em declarações à agência Lusa, que o objetivo da autarquia passa por transformar a antiga arena num espaço polivalente para a prática de várias modalidades, em simultâneo, como ginástica, esgrima, patinagem artística e hóquei em patins e basquetebol.
Adiantou que a gestão do novo espaço será entregue à Escola Desportiva de Viana (EDV), atualmente confrontada com a falta de instalações para dar resposta às necessidades dos cerca de 1.300 atletas.
Questionado pela Lusa, o autarca afirmou ser prematuro falar do montante do investimento, adiantando apenas que será um projeto a candidatar ao novo Quadro Comunitário de Apoio (QCA).
Em novembro, a Câmara encomendou ao Instituto da Construção da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto um estudo para determinar se o edifício, com 66 anos, está em condições de ser recuperado ou se terá de ser demolido para acolher as novas funções.
Já o grupo pró-touradas reafirma, na nota hoje enviada à imprensa, a intenção de "recorrer a todos os meios legais" para impedir a demolição da praça de touros por se tratar de uma "barbárie" que se "sobrepõe ao respeito pela cultura e pela história da cidade".
Adianta que continua válida a proposta apresentada, em setembro passado, para a aquisição do edifício.
"Temos uma proposta de um consórcio luso-francês que pretende investir 100 mil euros na praça para a recuperar e a transformar num espaço multiusos, criando emprego, riqueza e dinamismo na cidade, sem qualquer custo para o município", frisou.
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