Sem ser "eterno", Jerónimo de Sousa quer ficar para lá de 2016

Sem ser "eterno", Jerónimo de Sousa quer ficar para lá de 2016
| Economia
Porto Canal

O secretário-geral do PCP, sem ser "eterno", quer manter-se em funções para lá de 2016, assim continuem as "forças, saúde e confiança" dos "camaradas", ao contrário do Governo, que considerou "morto" e merecedor de uma "medida sanitária".

Jerónimo de Sousa sublinhou a necessidade de eleições legislativas antecipadas, assumindo a sua "disponibilidade grande" para um quarto mandato como líder comunista, em entrevista à Agência Lusa, na semana em que perfaz 10 anos à frente do partido "da foice e do martelo".

"Ao contrário de outros partidos, o secretário-geral não é um órgão. É eleito pelo comité central e a questão da continuação ou substituição não está condicionada ao próprio congresso, que se vai realizar, em princípio, daqui a dois anos", vincou, revelando "o sentimento" por parte de "camaradas e direção" de "continuar a desenvolver as tarefas até ao próximo congresso".

Do dirigente comunista, pela sua parte, "enquanto tiver forças, saúde e confiança dos camaradas", a "disponibilidade é grande", sem esquecer "aqueles que constroem o partido todos os dias e não aparecem nos jornais e televisões".

"É uma decisão nossa. Sem saúde não se faz nada. Em termos de capacidade, física e anímica, de convicção em torno do nosso ideal, não me sinto diminuído. É evidente que não serei eterno, mas aquilo que acolho, de contacto com o partido e com o povo português - muitos não sendo militantes comunistas, amigos do partido ou até mesmo fora desse universo - é que o incentivo é para continuar", afirmou.

O também deputado, com 67 anos, sucedeu a Carlos Carvalhas no 17.º congresso comunista, 2004, em Almada. Carvalhas fora o escolhido para substituir o histórico Álvaro Cunhal, em 1992.

"Se não fosse assim como estou a dizer, eu próprio tomaria a decisão de não continuar. Mas não, sou responsabilizado e estimulado a continuar, com esta forma de ser", resumiu, referindo-se ao "estímulo muito grande para continuar a agir" recebido nos contactos "no terreno, na vida, pessoal, familiar, mas também no plano da sociedade".

Sobre o adversário político mais difícil dos quatro que já enfrentou em posição governativa - Santana Lopes, José Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas -, o líder do PCP frisou não ter "ódios particulares", "rancores" ou "animosidades pessoais" e elegeu a "política de direita" e suas "consequências nos trabalhadores e no povo" como o principal "inimigo" a vencer, "sem nunca fulanizar".

"Mais do que a demissão de um ministro, consideramos fundamental a exigência de demissão deste Governo. Não há resolução com a substituição de ministros à peça. Se não fosse o Presidente da República, que procura segurar por arames este Governo, já teriam sido convocadas eleições antecipadas. É um sentimento que o povo português, hoje, claramente, sente, que o Governo está esgotado, está morto, não tem futuro", criticou, comentando a recente demissão do responsável pela Administração Interna, Miguel Macedo, após a polémica com os vistos 'gold'.

Segundo Jerónimo de Sousa, "estes casos sucessivos de falhanços, escândalos, corrupção - a Justiça, a abertura do ano escolar, com aquela desgraça, o encerramento de tribunais, o não-funcionamento do sistema informático, depois o caso BES/GES, agora este caso de corrupção ao mais alto nível" -, têm efeitos ao nível das instituições e da própria democracia.

"A primeira medida sanitária que se poderia tomar, no plano político, era demitir este Governo e convocar eleições antecipadas. O Presidente da República presta um mau serviço ao país continuando a ser o cúmplice e o suporte deste Governo e da sua política", concluiu.

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