Bloco de Esquerda diz que estátua ao cónego Melo em Braga é uma "provocação"
Porto Canal / Agências
Braga, 22 mai (Lusa) - O Bloco de Esquerda de Braga considera que atribuir uma estátua ao cónego Melo é uma "provocação" e lembra que Mesquita Machado "assumiu" que, enquanto fosse presidente da Câmara, "não seria erigida no espaço público" qualquer estátua aquele religioso.
Num comunicado enviado hoje à agência Lusa, o Bloco afirma ainda que se a autarquia se associar ao referido monumento será a "confirmação da total ausência de comunhão dos valores democráticos reivindicados por este agora decrépito executivo socialista".
O executivo da Câmara Municipal de Braga vai analisar, na quinta-feira, um pedido de adesão pública do município "à consagração do monumento que constitua o reflexo de homenagem" à figura do cónego Melo.
Segundo o BE, "a aprovação, em sessão de Câmara, da construção de uma estátua ao cónego Melo, é uma provocação".
O Bloco aponta que esta atitude por parte do executivo, "em fim de mandato", será também uma mostra do "desespero pela disputa de votos da direita mais ultramontana do concelho".
Os bloquistas acusam Mesquita Machado e o vice-presidente, que é o candidato pelo PS nas autárquicas de outubro, Vítor Sousa, de "não hesitarem em trair a história do seu próprio partido preferindo homenagear um homem que no pós-25 de Abril e depois de ter ajudado a espalhado o terror, se refugiou cobardemente na Galiza".
A coordenadora concelhia do BE lembra que "Mesquita Machado, aquando da discussão deste assunto na Assembleia Municipal, assumiu perante os deputados municipais o compromisso de que, enquanto fosse presidente da Câmara, não seria erigida no espaço público qualquer estátua ao cónego Melo".
Os bloquistas fundamentam a discordância com a homenagem ao cónego Melo acusando este de ter "liderado o ataque" a sedes do PCP e de organizações de esquerda e a "ligação à rede bombista que assassinou o padre Max e uma jovem estudante de 18 anos".
Além de que, lê-se no documento "é do conhecimento público que mesmo dentro do clero bracarense há sacerdotes que entendem que a vida do cónego Melo não justifica qualquer estátua".
O BE garante ainda que "a estátua do cónego não passará" e que "uma cidade democrata não quer símbolos que não honram a tradição antifascista e democrática".
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