LPN aplaude regresso de Ministério do Ambiente e opção Moreira da Silva
Porto Canal / Agências
Lisboa, 24 jul (Lusa) - A Liga para a Proteção da Natureza aplaude o regresso do Ministério do Ambiente, que "só peca por tardio", e considera positiva a escolha de Jorge Moreira da Silva, para resolver problemas nas barragens ou nas florestas.
As alterações no que respeita ao ambiente "deviam ter sido feitas logo no início, nunca devia ter sido criado um ministério com esta envergadura", juntando a Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território (MAMAOT), disse hoje à agência Lusa a presidente da LPN.
Com a remodelação anunciada na terça-feira, a ministra Assunção Cristas perdeu a tutela do Ordenamento do Território e do Ambiente, ficando apenas ministra da Agricultura e do Mar, e o atual coordenador da direção nacional do PSD, Jorge Moreira da Silva, fica à frente de uma nova pasta do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia.
"Tenho esperança que um Ministério do Ambiente e Ordenamento do Território consiga ter alguma prerrogativa sobre os erros que já se fizeram até agora e não sei se são recuperáveis", salientou Maria João Burnay.
Para a ambientalista, a resolução de vários problemas "depende muito da vontade e da estratégia política, não só deste ministro, que terá de ter muita força e vontade, [pois] conhecimentos tem, para recuar em alguns projetos e medidas que estão incompatíveis com o ambiente", como o plano de barragens.
Moreira da Silva, sendo do ambiente e da energia, "tem de resolver como vai tratar o problema do plano nacional de barragens, que é uma política energética completamente obsoleta, destruidora de recursos naturais, provoca o despovoamento dos locais onde se instala, e pagamos a eletricidade muito mais cara do que com mini hídricas ou energias alternativas", defendeu a responsável da LPN.
Devido a uma visão e uma estratégia política "muito estanque e muito setorial das pastas, acabou por não haver integração obrigatória e necessária das políticas ambientais" nas outras, quer nas florestas, quer na agricultura, e criaram-se serviços "completamente antagónicos", criticou.
Com o governo de Passos Coelho, o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) absorveu o setor florestal que "infelizmente em Portugal não é mais do que um setor de produção de eucaliptos ou de pinheiro para a indústria", segundo Maria João Burnay.
Ainda não foi anunciada a orgânica do novo ministério nem como será organizada a área da conservação da biodiversidade ou das florestas, até agora integradas no desenvolvimento rural.
A presidente da LPN insistiu que "o ambiente é transversal a todas as políticas, mas não deve ser uma política subsidiária, deve ser a que está a orientar as políticas setoriais e não ao contrário".
"O ambiente e o ordenamento do território é a única estratégia que pode levar o país a ter um desenvolvimeto sustentável", realçou.
O Presidente da República vai dar hoje posse aos novos ministros do Governo de maioria PSD/CDS-PP.
EA // CC
Lusa/Fim