O ministro da Economia, Pires de Lima, desafiou hoje os interessados na privatização da TAP a formularem as "suas melhores propostas de compra da companhia aérea", mas lembrou que "não é apenas o critério valor que importa".

"Não podemos dizer que não queremos encaixe financeiro. Aliás, uma das condições de venda é a oferta do ponto de vista de valor", disse hoje o governante, num encontro com jornalistas, que explicou que a proposta financeira é o somatório "do encaixe com a venda e da capitalização da companhia", que tem uma dívida de cerca de 1.000 milhões de euros.

O governante reafirmou hoje que existem "mais de três potenciais interessados na TAP, ou seja, pelo menos quatro", escusando-se a comentar o perfil dos mesmos.

"Não vamos fazer um concurso público porque não é apenas o critério valor que importa. Mas é bom que os potenciais interessados na TAP formulem as suas melhores propostas, porque hoje a TAP vale mais do que valia há dois anos", lançou.

Ainda assim, escusou-se a fazer "uma estimativa da valorização da empresa".

O Governo aprovou hoje um processo de privatização da TAP, pela alienação de ações representativas de até 66% do capital social da TAP SGPS (61% na modalidade de venda direta de referência, a um ou mais investidores nacionais ou estrangeiros, e 5% por aquisição por parte dos trabalhadores).

Pires de Lima adiantou que o Governo explorou "várias hipóteses", que teve em cima da mesa "modelos muito diferentes, muito heterogéneos" e que foi escolhido o que "melhor preservava o interesse da companhia".

A manutenção de 34% do capital na posse do Estado, numa primeira fase, "dá um conjunto de direitos ao acionista minoritário", defendeu, adiantando que o modelo escolhido "é uma questão de prudência e de aprendizagem".

Têm sido apontados como interessados na compra da TAP o grupo espanhol Globalia, o empresário português Miguel Pais do Amaral, com o antigo dono da Continental Airlines, Frank Lorenzo, o empresário Gérman Efromovich e a companhia brasileira Azul.

Contactado hoje pela Lusa, o empresário Miguel Pais do Amaral disse que vai analisar com o consórcio financeiro a privatização de 66% da TAP e lembrou que o projeto que tinha para a companhia aérea era sobre 100% da empresa.

Já o grupo espanhol Globalia reiterou hoje o interesse na compra da TAP, considerando positiva a decisão do Governo português de privatizar até 66% da companhia aérea, uma vez que permite ao comprador uma posição de controlo.

Em relação aos trabalhadores, o secretário de Estado das Infraestruturas, Sérgio Monteiro, disse que "é normal que se possa esperar um desconto" na aquisição dos 5% do capital, adiantando mais esclarecimentos para depois da aprovação do caderno de encargos em Conselho de Ministros.