Obra de Pavão dos Santos colige todos os poemas em português que Amália cantou

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 30 out (Lusa) -- Amália Rodrigues cantou poemas de D. Dinis a Carlos Paião, disse hoje à Lusa Vítor Pavão dos Santos, que coligiu numa obra, que será apresentada em novembro, "todos os poetas de Língua Portuguesa que [a fadista] interpretou".

A obra, intitulada "O Fado da Tua Voz - Amália e os Poetas", num total de 872 páginas, é apresentada no dia 08 de novembro no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

O autor, Pavão dos Santos, historiador, biógrafo da fadista, primeiro diretor do Museu do Teatro, referiu-se ao livro como a "obra de uma vida" que traz à luz poetas que Amália Rodrigues, falecida há 15 anos, cantou e gravou, e que "nem se suspeitava". Entre eles, o historiador do teatro referiu Mário de Sá-Carneiro e Almeida Garrett.

"Todavia, o poeta que Amália mais cantou foi ela própria, tenho registado mais de 50 poemas de sua autoria que gravou", realçou Pavão dos Santos.

O investigador salientou à Lusa que a obra "não é uma mera antologia de poemas que Amália cantou, há uma contextualização, fala-se dos poetas".

Por outro lado, autor de duas obras de referência sobre Amália - "Amália, uma Biografia" (1987) e "Amália, Uma estranha forma de vida" (1992) - Pavão dos Santos afirmou que, para este título, procedeu "a uma nova pesquisa documental", tendo reatado outros testemunhos da fadista sobre os seus poetas e as escolhas de repertório feitas.

Vítor Pavão dos Santos realizou uma investigação minuciosa às gravações de Amália Rodrigues, existentes na discográfica Valentim de Carvalho. "Algumas foram dadas a ouvir pela primeira vez por Frederico Santiago", investigador que prepara um CD de inéditos da fadista, gravados em meados da década de 1950.

"A Valentim de Carvalho está a abarrotar de inéditos, há muita coisa que Amália gravou e não se conhece. Então marchas de Lisboa são imensas. O que há, é como a arca de [Fernando] Pessoa", declarou o investigador, que fez parte da comissão organizadora do Museu do Traje e que propôs a criação do Museu do Teatro, no final da década de 1970.

O livro reflete também "as muitas conversas" que o autor teve com a criadora de "Maria Lisboa" (da autoria de David Mourão-Ferreira e Alain Oulman), que protagonizou "uma carreira muito brilhante e ainda hoje ímpar".

"Sendo um livro de Amália e dos seus poetas, não deixa de ser um livro íntimo, na medida em que faço as minhas reflexões, falo dos poetas, muitos que eu conheci e com quem convivi, da relação que tive com Amália, que de facto data de quando eu era miúdo, e já guardava coisas relacionadas com ela, e até as letras que cantava", disse.

O livro "O Fado da Tua Voz - Amália e os Poetas", editado pela Bertrand, é apresentado no dia 08 de novembro, às 17:00, no Teatro Nacional D. Maria II, numa sessão em que o ator e cantor Henrique Feist lerá alguns dos poemas.

Amália Rodrigues cantou nos mais emblemáticos palcos internacionais, do Olympia, de Paris, ao Carnegie Hall, em Nova Iorque. O seu repertório, tal como hoje é conhecido, inclui dos poetas de fado, como João Linhares Barbosa, Carlos Conde e Amadeu do Vale, aos medievais e renascentistas, como João Roriz e Luís de Camões, passando por Feliciano de Castilho, e os contemporâneos Pedro Homem de Mello, Sidónio Muralha, José Régio, Sebastião da Gama, Alexandre O'Neil e Luís Macedo, entre outros.

De sua autoria, entre outros, Amália gravou "Estranha Forma de Vida", "Lavava no rio lavava", "Corria atrás das cantigas", "Gostava de ser quem era", "Lá vai Maria", "Lágrima" e "Amor de mel, amor de fel", entre outros.

A fadista Mariza incluiu no seu álbum de estreia um poema de Amália, "Ó gente da minha terra", musicado por Tiago Machado.

Amália Rodrigues gravou também em outras línguas, nomeadamente em italiano, espanhol, inglês e francês.

Entre outras obras, Vítor Pavão dos Santos, de 77 anos, conta "Revista à Portuguesa". Foi diretor do Museu do Teatro desde a sua criação, em 1982 até 2001.

NL // MAG

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