PCP e BE convergem nas críticas a PS e Governo mas não se coligam
Porto Canal
Os dirigentes de PCP e BE convergiram hoje nas críticas à participação do PS nas negociações de entendimento com a maioria governamental de PSD e CDS-PP, reiteraram a necessidade de eleições antecipadas, mas recusaram uma eventual coligação.
"A convergência de que falamos é uma convergência política. Cada partido tem o seu espaço de intervenção, ação e mobilização. Com essa quota de responsabilidade, vamos voltar-nos a encontrar no futuro para essa convergência e materializá-la. Cada partido agirá por si porque convergência não significa coligação", disse o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, numa visita inédita à sede bloquista.
A coordenadora do BE Catarina Martins sublinhou tratarem-se de "partidos diferentes que têm identidades próprias, públicas e reconhecidas", embora concordando na urgência da demissão do Governo, dissolução da Assembleia da República e convocação de eleições legislativas antecipadas.
"É um caminho que não tem a ver com taticismos partidários, com combinações de coligações ou lugares em listas ou onde for. É um caminho que tem a ver com a responsabilidade de construir, com base no conhecimento e na convicção, uma alternativa para o nosso país, que está a viver um momento único da sua dificuldade e exige também aos partidos que saibam responder como nunca responderam", afirmou.
Jerónimo de Sousa disse que o PS, ao aceder ao pedido de acordo tripartido feito pelo Presidente da República, "atualizou a sua assinatura, compromisso e comprometimento com esse pacto de agressão com esta política de direita".
"Não sei qual vai ser o desfecho destas negociações, mas este posicionamento levou a que (o PS) abdicasse da sua proposta de demissão do Governo e exigência de dissolução da Assembleia e marcação de eleições antecipadas, com data e tudo", lamentou.
Catarina Martins alertou para o facto de a atual política, protagonizada por sociais-democratas e democratas-cristãos, "que tem destruído o país", quanto "mais dias se arrasta são mais dias de pântano".
"No momento complicado que Portugal está a viver não precisa desta instabilidade de negociações para ressuscitar um (Governo) morto. Precisa da estabilidade, legitimidade, confiança que pode dar a assunção daquilo que aconteceu: o programa de Governo falhou, a coligação desfez-se e não tem condições para prosseguir e o de que precisamos é de eleições", concluiu.