CGTP pediu reunião a Durão Barroso para discutir situação dos Estaleiros de Viana
Porto Canal / Agências
Viana do Castelo, 18 jul (Lusa) - O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, anunciou hoje ter pedido uma reunião urgente ao presidente da Comissão Europeia para discutir a situação dos Estaleiros de Viana, enquanto defende uma alternativa à subconcessão da empresa.
O pedido de reunião a Durão Barroso foi apresentado no início desta semana, numa altura em que o Governo português, após falhado o processo de reprivatização devido à investigação de Bruxelas, pretende extinguir os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC), lançando em paralelo um concurso para a subconcessão dos terrenos da empresa, mas sem garantias sobre os 620 postos de trabalho.
"Não pode haver dois pesos e duas medidas. Hoje, os regulamentos europeus preveem exceções de apoio, nomeadamente às empresas do setor empresarial do Estado, e por outro lado não podemos aceitar que não haja possibilidade de apoiar esta empresa [ENVC], que até é produtiva, acabando por apoiar os bancos, com as nacionalizações", afirmou Arménio Carlos, de visita aos estaleiros.
Além do pedido de reunião "com caráter de urgência" a Durão Barroso, o secretário-geral da CGTP informou os trabalhadores de um outro encontro, solicitado igualmente esta semana ao ministro da Defesa Nacional, José Pedro Aguiar-Branco, no qual pretende demonstrar que "este não é o caminho".
O secretário-geral da CGTP dedicou o dia aos ENVC, tendo realizado reuniões com os elementos sindicais, administração da empresa, participando ainda numa reunião geral de trabalhadores, tendo destacado, no final, que "só a coragem, a determinação e a luta" destes permitiu, até agora, "impedir" o encerramento da empresa.
O líder da intersindical rejeita qualquer cenário de subconcessão ou privatização dos ENVC, alegando tratar-se de uma "empresa estratégia" para o setor naval nacional e para a economia regional. Em alternativa, defende uma "visão estratégica" para a empresa e para a indústria naval, voltada para a captação de encomendas no mercado externo, mas também para a "valorização" do conhecimento dos trabalhadores.
Em reunião de Conselho de Ministros de 27 de junho, o Governo aprovou um Decreto-Lei em que autoriza a administração dos ENVC a "proceder a uma subconcessão da área que lhe está concessionada", potenciando "a dinamização e viabilidade da instalação de atividades de construção e reparação de navios, de fabricação de componentes para aerogeradores eólicos e metalomecânicas".
Esta decisão surge na sequência da investigação das autoridades comunitárias da Concorrência aos apoios públicos concedidos aos ENVC, entre 2006 e 2011, no valor de 181 milhões de euros. Se forem declarados ilegais, a Comissão Europeia pode obrigar a empresa a devolver estas verbas, algo que, no entender do Governo, poderá ser evitado com o encerramento dos estaleiros e o processo de subconcessão.
O ministro da Defesa já afirmou que esta opção "vai ao encontro da melhor solução para Viana do Castelo" e "para os trabalhadores" da empresa, "que poderão ver, assim, assegurados os postos de trabalho", em caso de sucesso deste processo. Segundo Aguiar-Branco, o concurso público internacional para a subconcessão será lançado durante o mês de julho, perspetivando-se uma decisão em outubro.
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