PS rejeita trocar antecipação das legislativas por pacto com PSD e CDS

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 10 out (Lusa) - O líder parlamentar do PS, Ferro Rodrigues, rejeitou hoje a possibilidade de trocar uma eventual antecipação das eleições legislativas, previstas para outubro de 2015, por um acordo político entre os socialistas e a maioria governamental PSD/CDS.

Ferro Rodrigues falava aos jornalistas após o seu primeiro debate quinzenal enquanto líder da bancada socialista, durante o qual propôs ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, um pacto entre as principais forças políticas, envolvendo o Presidente da República, Cavaco Silva, para antecipar as eleições legislativas.

Interrogado se aceita a antecipação de eleições legislativas a troco de um pacto político com os partidos que suportam o Governo, o PSD e o CDS, Ferro Rodrigues rejeitou essa solução.

"Isso não é possível. Nunca estive de acordo com essa moeda de troca, porque isso corresponderia a colar o PS ao comboio da austeridade e do empobrecimento nesta última fase da legislatura", respondeu o ex-secretário-geral, referindo a esse propósito que o chefe de Estado já propôs no ano passado essa via que foi rejeitada pelo anterior líder socialista, António José Seguro.

"Do lado da direita, há muita gente há muito tempo a pedir consensos com o PS. Mas são consensos para continuar com esta política, que tem levado ao agravamento dos problemas do país, não só sociais, como também económicos e mesmo financeiros. Não podem contar com o PS, nesta última fase da legislatura, para se atrelar a este comboio da austeridade e do empobrecimento", insistiu Ferro Rodrigues.

O presidente do Grupo Parlamentar do PS reconheceu depois a necessidade de compromissos no país, embora ressalvando que esses compromissos devem ser feitos no início de uma legislatura "e num contexto de um novo quadro eleitoral".

Já sobre a questão das eleições legislativas antecipadas, o líder da bancada socialista defendeu que "não depende do PS, mas, fundamentalmente, do Presidente da República e da existência de um acordo entre os diversos partidos".

Na perspetiva de Ferro Rodrigues, essa eventual demissão do Governo seria algo de acordado - sem o significado político tradicional que as demissões têm - e permitiria ao Presidente da República convocar eleições mais cedo".

"Para isso, seria necessário contar com a vontade do Governo que, claramente, não me pareceu ser muito grande nesse sentido", rematou, numa alusão à resposta que recebeu do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, durante o debate quinzenal.

Questionado sobre o que espera da atuação de Cavaco Silva em relação a um cenário de eleições antecipadas, Ferro Rodrigues referiu que o Presidente da República já colocou a possibilidade de antecipação do calendário eleitoral, mas "no contexto de uma troca em que o PS alinharia com as políticas do Governo na fase final da legislatura".

Em defesa da antecipação do calendário eleitoral, o ex-secretário-geral do PS invocou os contextos de ordem institucional e de ordem europeia, em que os orçamentos são aprovados a tempo do chamado semestre europeu.

"Não só existem motivos de ordem política, já que o país está farto desta governação, há também motivos institucionais europeus e nacionais, porque vamos ter eleições presidenciais no princípio de 2016 e não me parece bom para a democracia portuguesa haver eleições legislativas encavalitadas", sustentou.

Ainda de acordo com Ferro Rodrigues, uma maior separação temporal entre eleições legislativas e presidenciais permite melhores condições "para negociações, tendo em vista a formação de um Governo bastante alargado e com suporte numa base social e política muito ampla".

"É o que sempre defendi e continuo a defender", acrescentou.

PMF // SMA

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