Falta de mão-de-obra no Douro obriga quintas a recorrer aos empreiteiros

| Norte
Porto Canal / Agências

Santa Marta de Penaguião, 27 set (Lusa) -- As quintas do Douro recorrem cada vez mais à mão de obra fornecida pelos empreiteiros agrícolas, empresas onde também, por esta altura, muitos vindos de fora da região batem à porta a pedir trabalho durante as vindimas.

A Região Demarcada do Douro está em plena vindima. Um pouco por todo o lado se ouve o som das tesouras a cortar os cachos ou os tratores a carregarem as uvas para os centros de vinificação.

As vindimas concentram-se nos meses de setembro e outubro, período durante o qual os produtores, praticamente todos ao mesmo tempo, precisam de trabalhadores.

Neste Douro envelhecido e afetado pela emigração, não há gente suficiente para as necessidades e, é por isso, que as quintas recorrem cada vez mais à mão de obra fornecida pelas empresas de prestação de serviços agrícolas, os chamados empreiteiros agrícolas.

António Monteiro é o proprietário da Agripenaguião, criada em 1996, e que, segundo afirmou à agência Lusa tem, nesta altura, "uma média de 70 a 80 trabalhadores" que estão distribuídos por várias quintas do Douro, desde Santa Marta de Penaguião, Pinhão até ao Douro Superior.

"Temos tido todos os anos um aumento de clientes e até temos recusado trabalho porque já não conseguimos dar resposta a mais", salientou.

A Quinta da Portela, em Santa Marta de Penaguião, é uma das quintas para onde trabalha. O proprietário, João Barbosa, explicou que tem que recorrer a esta empresa porque a "mão de obra é muito escassa". "São os empreiteiros que nos têm valido senão o serviço ficava por fazer", garantiu.

Nesta vindima anda um grupo de 15 pessoas, a maior parte das quais vem todos os dias de Baião, concelho onde, segundo António Monteiro, "não há praticamente trabalho".

Outros vêm de Resende ou Castro de Aire, concelhos limítrofes do Douro mas onde não há vinha.

Cláudia Pereira está desempregada e aproveita as vindimas para ganhar algum dinheiro. Tem de sair de Baião às 05:30 para estar na vinha às 07:30 e só chega a casa por volta das 19:00.

"Sou casada, tenho uma menina pequena, que dá muita despesa e é claro que sim, o pouco que seja ajuda. O trabalho? Anda-se bem. É um pouco duro, as viagens são duras, mas de resto durante o dia faz-se bem", salientou esta vindimadora.

Às longas viagens junta-se o trabalho que obriga o corpo a andar curvado durante praticamente todo o dia. "Tentamos aproveitar o pouco que há", sublinhou Cláudia.

A falta de oportunidades de trabalho alastra por todo o país e, talvez por isso, muitos têm contactado a Agripenaguião de locais mais distantes como do Porto, Aveiro, Coimbra e até Lisboa, para trabalhar neste período de vindimas.

"São pessoas que procuram trabalho para amealharem alguma coisa. Só que nós recusamos porque não temos dormida, alimentação e para trazermos para aí as pessoas e não termos condições, a gente rejeita", frisou António Monteiro.

A grande dificuldade dos empreiteiros agrícolas é gerir o elevado número de trabalhadores e cumprir todos os requisitos legais.

Carlos Monteiro, filho de António que também trabalha na empresa, salientou que a Agripenaguião tem sido todos os anos fiscalizada pelas autoridades tendo, inclusive, no ano passado, sido fiscalizada "três vezes no mesmo dia".

Para cumprir a lei, o responsável diz que todos os trabalhadores assinam contratos de "muito pouca duração" neste período. "Não trazemos ninguém que não esteja vinculado à empresa durante a vindima", sublinhou.

Estes constrangimentos têm mesmo, segundo salientou, afastado algumas pessoas, como donas de casa, que só trabalhavam neste período.

"Este ano notamos um decréscimo do pessoal do Douro porque não estão para vir trabalhar e declarar aqueles euros que recebem na vindima", frisou.

PLI // JGJ

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