Governo: Cavaco "deu estalo à classe política", Marcelo Rebelo de Sousa

| Política
Porto Canal / Agências

Lisboa, 11 jul (Lusa) - O comentador político Marcelo Rebelo de Sousa afirmou hoje que a intervenção do Presidente da República, apelando a um entendimento entre PSD, PS e CDS-PP, foi um "estalo à classe política", e que os partidos devem "devolver a bola".

"Foi, à sua maneira, um estalo grande na classe política toda, Governo e oposição. Um estalo no PC e no BE ao dizer que não há eleições, no Governo ao não dizer claramente que esta é a solução que dura até 2015 e no PS ao não dar eleições, mas que talvez dê em 2014, sabendo que isso divide o PS", disse.

O antigo líder social-democrata, à margem de uma apresentação de um livro sobre direito europeu, em Lisboa, adiantou ainda os nomes do governador do Banco de Portugal e do presidente do Conselho Económico e Social, respetivamente Carlos Costa e Silva Peneda, como potenciais figuras tutelares para o eventual acordo tripartido sugerido por Cavaco Silva.

"O Presidente achou que tinha força para dar esses estalos construtivos, esperando que os partidos pegassem. Acho que os partidos devem devolver a bola. Vamos negociar, mas vamos esclarecer dois ou três pontos que estão por esclarecer", continuou.

O jurista considerou que a atitude do Chefe de Estado foi "uma jogada de risco no sentido de que a crise não acabou", podendo adensar-se "se, de repente, os partidos mantiverem a negociação de forma muito mais longa do que o Presidente pensava".

"Não é de risco no sentido de que o Presidente tentava encontrar uma fórmula que fosse a linha intermédia entre tudo o que ouviu. Foi a procura do menor risco possível no imediato. Pode ser um risco a prazo", alertou.

Para Rebelo de Sousa, "o que há de novo é a ideia de que o Presidente está aberto para que nesse acordo entre a convocação de eleições a partir de 30 de junho (de 2014)".

"O que é uma ironia do destino, mais ou menos na mesma altura em que estamos hoje, o que daria eleições em setembro e orçamento do Estado em março de 2015", observou, acrescentando que cabe às forças políticas avaliarem este "meio-termo", o "meio da estrada" no qual Cavaco Silva as colocou.

O professor de Direito disse que o Presidente da República "quis, intencionalmente, ser vago naquilo que propôs porque é uma proposta destinada a seduzir os três destinatários"

"Tem de ter contradições porque é a mesma coisa que seduzir senhorios e inquilinos", comparou, adiantando que, se fosse ainda líder partidário, "reagiria com um 'nim' e negociava".

Rebelo de Sousa analisou ainda que "se nenhum (dos partidos) comprar (a proposta)", Cavaco Silva poderá sempre dirigir-se aos portugueses e dizer que "a culpa" não é sua e que tentou o melhor, apesar do "custo de não ter fechado a crise".

HPG // SMA

Lusa/Fim

+ notícias: Política

Primeiro-ministro em Cabo Verde na primeira visita fora da Europa

O primeiro-ministro inicia, este sábado, uma visita a Cabo Verde, a primeira fora da Europa, tendo prevista a assinatura de um memorando de entendimento com o seu homólogo cabo-verdiano para criar uma linha especial de microcrédito para empreendedores.

PSD: Montenegro eleito novo presidente com 73% dos votos

O social-democrata Luís Montenegro foi hoje eleito 19.º presidente do PSD com 73% dos votos, vencendo as eleições diretas a Jorge Moreira de Silva, que alcançou apenas 27%, segundo os resultados provisórios anunciados pelo partido.

Governo e PS reúnem-se em breve sobre medidas de crescimento económico

Lisboa, 06 mai (Lusa) - O porta-voz do PS afirmou hoje que haverá em breve uma reunião com o Governo sobre medidas para o crescimento, mas frisou desde já que os socialistas votarão contra o novo "imposto sobre os pensionistas".