Inquérito/Swap: "Houve um julgamento na praça pública", diz Teixeira dos Santos
Porto Canal / Agências
Lisboa, 10 jul (Lusa) - O ex-ministro das Finanças socialista Teixeira dos Santos defendeu hoje, no parlamento, que "houve um julgamento na praça pública, tipo à velha Santa Inquisição, de destituição dos gestores públicos" no âmbito do processo dos 'swap'.
"Houve um julgamento na praça pública, tipo à velha Santa Inquisição, de destituição dos gestores públicos por causa disto, sem um efetivo apuramento das responsabilidades", criticou o antigo governante, na comissão parlamentar de Inquérito à Celebração de Contratos de Gestão de Risco Financeiro ('swap') por Empresas do Setor Público, onde está a ser ouvido.
A investigação aos contratos derivados de taxa de juro ['swap'] subscritos por várias empresas públicas, sobretudo da área dos transportes, detetou contratos problemáticos com elevadas perdas potenciais para o Estado.
Este caso já levou à demissão de dois secretários de Estado (Juvenal Peneda e Braga Lino) e de três gestores públicos (Silva Rodrigues, Paulo Magina e João Vale Teixeira).
Teixeira dos Santos comentou a retirada de confiança aos gestores públicos, considerando que "é um argumento político" já que "ninguém foi acusado de gestão danosa".
"Que eu saiba, ninguém foi acusado de gestão danosa e isso para mim é revelador", acrescentou o antigo governante, que foi chamado à comissão de inquérito para esclarecer a transição de pasta com o seu sucessor, Vítor Gaspar.
Em resposta à terceira ronda de questões, o ex-ministro das Finanças considerou que na comissão se tem assistido a "um branqueamento para assacar responsabilidades ao Governo anterior".
"Houve desvios colossais à verdade", acrescentou.
Teixeira dos Santos reiterou que passou informação sobre a existência de dois despachos do seu secretário de Estado, Costa Pina, relativos a estes contratos, lamentando que o executivo tenha demorado "dois anos" a "fazer alguma coisa" em relação aos contratos 'swap'.
JNM /JMG // ARA
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