Seis famílias de Bragança trocaram casas por condomínio e ficaram sem nada

Seis famílias de Bragança trocaram casas por condomínio e ficaram sem nada
| Norte
Porto Canal

Seis famílias de Bragança ficaram sem casa num negócio com um empreiteiro que faliu depois de derrubar as moradias para construir um condomínio que ficou em esqueleto e deixou sem teto os antigos moradores.

A maior parte dos lesados são idosos que perderam a casa de toda a vida e alguns o rendimento de espaços, que tinham arrendado para fins comerciais, e estão agora a pagar renda por uma habitação.

Há doze anos, um empreiteiro da cidade, Hernâni Gomes, convenceu-os a trocarem as moradias por apartamentos num novo condomínio que começou a construir no mesmo local, o Loreto, mas um ano depois do início da obra faliu e deixou apenas o esqueleto de cinco andares e quase dois milhões de euros de dívidas, segundo relataram à Lusa alguns dos lesados.

A tia de Eulália Rodrigues, conhecida como "senhora Martinha", tem hoje 88 anos e foi das últimas a abandonar a casa onde sempre viveu.

Seis anos depois de ter feito o contrato de permuta recebeu uma ordem de despejo para ter início a obra, e foi viver para um apartamento à renda, que o empreiteiro pagou durante menos de dois anos, até abrir falência, como contou a sobrinha.

"Puseram-na na rua e agora tem de pagar rega", vincou.

A idosa, que recebe uma reforma de 480 euros, paga 300 euros de renda e ficou sem um valor idêntico que recebia de uma loja na antiga casa.

Eulália reconhece que agora veem como "foram parvos" em aceitar este negócio em que "não pediram nada e entregaram as casas", apesar de nos contratos, além dos apartamentos terem direito também a quantias em dinheiro.

Outro dos lesados, José Galvão também tinha um espaço comercial arrendado e contou à Lusa que o empreiteiro passou a receber a renda das duas lojas logo que fez os contratos de permuta.

"Durante quase seis anos esteve a receber 500 euros por mês", observou, indignado com o que tem "sofrido" nos últimos anos.

Já esteve "no hospital quase à morte" e não se conforma com o que lhe aconteceu e aos vizinhos, apesar de ter ficado com um lugar para viver.

José Galvão foi o único que exigiu ao empreiteiro que lhe "escriturasse um apartamento" para além do que tinha direito na permuta e é nele que vive agora, embora "desgostoso" porque o seu desejo e da família é regressarem ao Loreto.

O caso corre há vários anos no tribunal, mas o empreiteiro nunca mais apareceu "nem ninguém sabe dele". Deu às autoridades uma morada de Ermesinde.

"Se um individuo fosse encontrado a roubar um sumo num hipermercado ia para a cadeia, um indivíduo destes, que roubou dois milhões de euros, é feliz da vida, ainda lhe pagam advogado porque é insolvente", afirmou.

O que mais indigna José Galvão é o caso da "senhora Martinha, com 80 anos posta na rua e ninguém ligou ao caso dela".

"É vergonhoso", considerou.

A sobrinha costuma dizer à tia: "isto vai-se resolver, não se preocupa, isto é da crise, mas ela está muito desgostosa".

Eulália só desejava a tia pudesse ainda regressar ao Loreto, mas o advogado já lhe disse que "é difícil".

Segundo dizem, o empreiteiro deu as propriedades destas pessoas como garantia para conseguir o financiamento bancário e agora o banco "é dono de tudo aquilo".

De acordo com os moradores, "só o banco reclama 1,5 milhões de euros e as famílias 500 mil euros".

Os casos não fazem parte todos do mesmo processo já que algumas famílias fizeram contrato com o empreiteiro a título individual e outras com a firma.

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