Líder da Renamo diz que aceitará resultados das eleições em Moçambique

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Porto Canal / Agências

Maputo, 27 ago (Lusa) - O líder da Renamo disse à Lusa que reconhecerá, pela primeira vez na história da democracia em Moçambique, os resultados das próximas eleições gerais, acreditando que a nova lei eleitoral é credível e garante uma votação transparente.

"Com certeza. Por isso, andámos a lutar por uma lei credível, para permitir que as coisas sejam transparentes", declarou Afonso Dhlakama, em entrevista à Lusa por telefone, quando questionado se, após a alteração da lei eleitoral, no âmbito das negociações da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) com o Governo, o maior partido de oposição reconhecerá os resultados em qualquer cenário.

"Se todos os moçambicanos e os partidos seguirem as regras da lei eleitoral, quem vier a ganhar as eleições, mesmo que seja um partido pequenino, queremos ser os primeiros a reconhecer a derrota", afirmou Dhlakama, que espera, porém, uma vitória nas presidenciais e do seu partido nas legislativas e assembleias provinciais.

A Renamo conseguiu em fevereiro uma alteração legislativa para aumentar o peso da oposição na composição dos órgãos eleitorais e vigilância em todas as mesas do ato eleitoral previsto para 15 de outubro, o primeiro dos consensos com o Governo até à assinatura, no domingo, de um cessar-fogo para o fim das confrontações militares entre as partes e que duram há um ano e meio.

"Quando a lei não está boa, isso permite a um partido que coloque os seus militantes na mesa e os outros sejam amarrados e agredidos", afirmou o presidente da Renamo, mas no futuro, prosseguiu, "a todos, mesmo aos partidos pequenos, deve ser permitido que tenham os seus representantes [nas assembleias de voto], porque é uma luta. A prova dos nove é ali".

A partir de agora, segundo o líder da oposição, "é despejar, contar e dar a vitória a alguém, não um cesto de boletins pré-assinalados, uns comités do partido carregarem [votos] porque o presidente da mesa era do mesmo, tudo combinado, e quando as pessoas queriam reclamar eram agarradas e levadas para a cadeia".

Dhlakama acredita que o cessar-fogo e os documentos do acordo com o Governo têm condições para ser duradouros, até porque espera que sejam transformados em leis na Assembleia da República.

"É isto que chamamos de garantias. Não só para Dhlakama e para os moçambicanos, mas mesmo para os estrangeiros que querem investir em Moçambique e vão procurar saber se a guerra já acabou e se os acordos foram transformados em leis", considerou o líder da oposição, vincando também as diferenças em relação ao Acordo Geral de Paz, assinado em 1992 com o então Presidente Joaquim Chissano.

Na altura, "deu-se eco, com Chissano a receber medalhas e tudo, mas a Frelimo [partido no poder] continuou a fazer desmandos, a atacar, a roubar votos e não havia clareza, embora houvesse protocolos, e até os intelectuais moçambicanos tinham dificuldade em interpretar o Acordo Geral de Paz, o que é diferente destes documentos".

Agora, frisou, "está tudo claro" e "até uma criança de três anos saber dizer que, no [Centro de Conferências] Joaquim Chissano, Macuiana e Pacheco [negociadores da Renamo e Governo] assinaram um documento e o que significa", lembrando ainda que o atual Presidente, Armando Guebuza, "vai abandonar o poder e tem a preocupação de deixar o país em paz".

Dhlakama, que prevê sair nos próximos dias do seu refúgio na serra da Gorongosa, centro do país, onde se encontra desde que a sua base na região foi atacada em outubro do ano passado, espera também uma atitude diferente da comunidade internacional.

"No passado, éramos obrigados a reconhecer a derrota, quando éramos nós que ganhávamos, e os nossos votos eram roubados e retirados, mesmo com europeus a observar", comentou, lamentando que os observadores tenham ficado "sempre do lado do Governo", provocando, "com essas brincadeiras", um atraso no país de 22 anos.

"Procederam muito mal os nosso amigos europeus", afirmou Dhlakama. "Creio eu que tenham apanhado a lição e as coisas vão mudar", concluiu.

HB // EL

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