Três polícias feridos em protestos contra instalação de sistema biométrico nos supermercados venezuelanos
Porto Canal / Agências
Caracas, 26 ago (Lusa) - Três polícias ficaram feridos nas últimas horas durante protestos na Venezuela contra a implementação de um sistema de controlo biométrico nos supermercados públicos e privados para controlar as compras recorrentes do mesmo produto e combater o contrabando.
Os polícias sofreram queimaduras na sequência de explosões provocadas por 'cocktails molotov' lançados por cidadãos que colocaram várias barreiras na localidade de Las Pilas, cidade de San Cristobal, a sudoeste de Caracas.
Fontes não oficiais referiram que durante os confrontos, vários civis teriam também ficado feridos e que elementos da polícia militar invadiram um complexo residencial onde se encontravam alguns manifestantes.
Várias pessoas disseram aos jornalistas estarem contra a instalação de controlo biométrico nos supermercados, a escassez de produtos, a insegurança e os baixos salários.
Por outro lado, relataram ataques da polícia militar com gás lacrimogéneo e explosões em vários locais.
Em Caracas, na tarde de segunda-feira (noite em Lisboa) várias pessoas incendiaram pneus e colocaram barricadas no centro do município de Chacao (leste), onde os residentes dão conta que ocorreram confrontos entre manifestantes e as forças de segurança que geraram momentos de tensão e dificultaram a circulação de viaturas.
A Polícia Nacional Bolivariana dissolveu o protesto, desmantelou as barricadas e deteve, pelo menos, seis manifestantes.
Ainda na capital, residentes na urbanização Santa Fé (sul) colocaram barricadas na autoestrada de Prados del Este, o que provocou um forte congestionamento e confrontos com as forças de segurança.
A polícia militar interveio e foram detidas duas pessoas.
A 19 de agosto último as autoridades venezuelanas anunciaram que vão instalar um sistema de controlo biométrico nos supermercados públicos e privados para controlar compras recorrentes do mesmo produto pelo mesmo cliente e combater o contrabando.
O sistema deverá estar em funcionamento até ao final de novembro e visa também combater a economia paralela.
O sistema biométrico consiste na atribuição de um cartão numerado com os dados do cliente, que estará associado às suas impressões digitais.
No passado dia 11, a Venezuela enviou pelo menos 17.000 militares para a fronteira com a Colômbia, como uma de várias medidas para combater o contrabando de bens essenciais e de combustível, que gera prejuízos aos dois países.
O envio dos militares aconteceu horas antes de a Venezuela encerrar, pela primeira vez, a fronteira para combater o contrabando de produtos, num gesto contestado pelas autoridades colombianas.
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