Presidente egípcio cria comissão judicial para investigar actos de violência

| Política
Porto Canal / Agências

Cairo, 08 jul (Lusa) -- O Presidente interino do Egito, Adli Mansur, criou uma comissão judicial para investigar os incidentes violentos registados hoje de madrugada em frente ao quartel-general da Guarda Republicana, no Cairo, que fizeram pelo menos 42 mortos.

Num comunicado, a Presidência egípcia apelou aos manifestantes para ficarem longe "dos centros vitais e das instalações militares" do país, salientando que a segurança nacional deve ser uma prioridade para todos para que o período de transição termine o mais rápido possível.

Pelo menos 42 pessoas morreram e 300 ficaram feridas hoje de madrugada em confrontos entre a polícia e as forças armadas e apoiantes do presidente deposto do Egito Mohamed Morsi em frente à sede da Guarda Republicana do Cairo, segundo fontes médicas citadas pelas agências internacionais.

Adli Mansur pediu que esta comissão judicial anuncie publicamente os resultados da sua investigação.

Na mesma nota informativa, a Presidência egípcia expressou a sua "profunda tristeza" pela morte de vítimas civis nestes incidentes que, segundo a instituição, ocorreram após uma tentativa de invasão do quartel-general da Guarda Republicana.

O comunicado presidencial frisou que o ato de manifestar-se de forma pacífica é um direito de todos os cidadãos, sob a proteção dos órgãos do Estado.

Segundo o exército egípcio, os confrontos ocorreram quando um grupo armado tentou entrar no edifício da Guarda Republicana no Cairo e, ao deparar-se com grande presença de forças de segurança, começou a disparar de forma indiscriminada contra os manifestantes.

Uma versão que é contestada pela Irmandade Muçulmana, apoiante do deposto presidente Morsi, que assegura que se tratou de "um massacre" perpetrado pelas Forças Armadas e pela Polícia contra os islamitas e acusa o chefe das Forças Armadas, Abdel Fatah al Sissi, de estar a transformar o país numa "nova Síria".

A Irmandade Muçulmana apresentou hoje, numa conferência de imprensa, vídeos e cartuchos de bala para provar que os militantes deste movimento islamita foram vítimas de disparos por parte do exército egípcio durante os incidentes ocorridos na capital egípcia.

Dois porta-vozes da Irmandade Muçulmana mostraram aos jornalistas munições que foram alegadamente entregues por soldados e oficiais que recusaram abrir fogo contra os manifestantes e divulgaram um vídeo em que se vê um suposto francoatirador no edifício do quartel-general da Guarda Republicana.

"Este dia nunca mais será esquecido. Só em duas ocasiões foram disparados tiros contra o próprio povo egípcio: Israel e [o chefe das Forças Armadas egípcias] o general Abdel Fattah al Sissi", afirmou um dos porta-vozes do movimento.

"As milícias de al Sissi querem transformar o Egito numa nova Síria. Os subordinados de al Sissi mataram os seus irmãos quando rezavam", acrescentou o mesmo porta-voz.

O exército egípcio depôs e deteve na passada quarta-feira o primeiro Presidente democraticamente eleito do país, o islamita Mohamed Morsi, há um ano no poder, depois de dias de violentos protestos para exigir a sua demissão.

Morsi foi substituído interinamente pelo presidente do Supremo Tribunal Constitucional egípcio Adli Mansur, que prestou juramento na passada quinta-feira.

SCA // PJA

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