Primeiro-Ministro húngaro compara Parlamento Europeu a "império soviético"
Porto Canal
O primeiro-ministro conservador húngaro, Viktor Orban, comparou hoje o Parlamento Europeu (PE) com o "império soviético", na sequência de um relatório, elaborado por um eurodeputado português, que critica a qualidade da democracia na Hungria.
"Depois do império soviético, nenhum poder externo teve a audácia de querer limitar a independência dos húngaros abertamente, escolhendo uma forma legal", disse Orban à rádio estatal Kossuth.
O primeiro-ministro húngaro referia-se ao relatório elaborado pelo eurodeputado português Rui Tavares, do Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia, no qual se propõe a criação de mecanismos de controlo sobre o cumprimento das normas europeias em países-membros da UE.
Os eurodeputados aprovaram o documento, no qual se destaca preocupação pela situação dos direitos fundamentais na Hungria depois da última reforma constitucional e da aprovação de novas leis que, de acordo com o relatório, não respeitam a separação de poderes, nem a independência dos juízes.
O primeiro-ministro húngaro sublinhou que o chamado "Relatório Tavares" não respeita os tratados da UE e "enfraquece a União", mas considerou também que "Bruxelas não é Moscovo", de acordo com a citação da agência noticiosa espanhola EFE.
Orban reiterou que considera o relatório um ataque "contra a Hungria e os húngaros", acrescentando que não quer viver "num império", com um centro a determinar o que se deve fazer "nas periferias".
Budapeste enviou, na sequência da aprovação do relatório, um memorando aos eurodeputados em que responde às críticas feitas, lembrou.
Desde que chegou ao poder, em 2010, o Governo de Budapeste teve numerosos conflitos com a UE e outros órgãos, como o Conselho da Europa, devido às polémicas reformas legais, criticadas por limitarem as liberdades, como a nova lei de imprensa.