País que não cresce não consegue garantir que paga dívida - Teixeira dos Santos

| Economia
Porto Canal / Agências

Porto, 24 jul (Lusa) - O ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos alertou hoje que "um país que não cresce não consegue dar garantias aos seus credores que vai conseguir pagar a dívida", sublinhando a necessidade de investimento para a sustentabilidade do crescimento.

Durante a intervenção num almoço debate do International Club of Portugal, que decorreu hoje no Porto, Teixeira dos Santos enfatizou que "o crescimento da economia portuguesa tem sido fraco" e que o futuro, nesta matéria, não é "muito risonho",

"Politicamente até o discurso já virou neste sentido. Já não se fala tanto da austeridade, fala-se mais agora do desafio de crescimento. Não sei se é por causa das eleições que vêm ainda para o ano", disse, acrescentando que "há um consenso nacional e até europeu" nesta matéria.

Para o ex-ministro de José Sócrates, "é importante que haja crescimento por causa da dívida pública", porque "um país que não cresce não consegue dar garantias aos seus credores que vai conseguir pagar a dívida".

"Há um grande desafio para o país que é de pagar o que deve. Não tem que pagar tudo de uma vez mas tem que dar garantias que tem uma dinâmica de crescimento económico que vai gerar riqueza que chegará para honrar os compromissos neste domínio", defendeu.

Para o ex-governante com a tutela das Finanças, "sem investimento o país não consegue sustentar o seu crescimento", sublinhando a necessidade que este seja "externo" já que, de acordo com a história recente do país não há "capitalistas em Portugal que tenham capitais próprios suficientes".

"E os grandes grupos de referência nacional, que se reconstituíram com as privatizações e foram grandes grupos no passado, perguntem e respondam a vós próprios: onde é que eles estão, o que é que lhes aconteceu? Eles a pouco e pouco foram-se esfumando. O que é feito de Champalimaud? Os Mello ainda estão na Brisa, mas tiveram de reconfigurar. O Espírito Santo é o que estamos a ver", desafiou.

Para Teixeira dos Santos, "esses grandes grupos de referência, que eram os tais centros de decisão e de capitais nacionais, de facto estão a mostrar grandes debilidades em poderem financiar e capitalizar o País".

"E por isso considero que a aposta no investimento estrangeiro vai ser fundamental para injetar capital novo em capacidade produtiva nova e poder modernizar, recuperar muita da capacidade produtiva já existente", referiu, adiantando ser preciso "um quadro jurídico que seja mais incentivador e atrativo para o investimento estrangeiro".

O economista desfez ainda o mito do investimento que tem havido em Portugal, considerando que não se pode dizer que tenha havido um excesso, porque é a poupança que tem baixado na nossa economia.

"O país tem andado a investir mais do que aquilo que poupa e por isso se tem endividado", explicou.

Teixeira dos Santos sublinhou ainda a importância do crescimento para permitir a melhoria de condições de vida dos cidadãos.

JF// ATR

Lusa/fim

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