Autarca de Matosinhos diz que dispersão do acervo de Siza valoriza obra do arquiteto
Porto Canal / Agências
Matosinhos, 24 jul (Lusa) -- O presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, disse hoje ser "interessante a dispersão" do acervo de Siza Vieira para a própria valorização da obra do arquiteto no concelho.
"Decidido que está o destino, podemos agora nos concentrar na fase seguinte do espólio que existe em Matosinhos", afirmou à Lusa Guilherme Pinto, acrescentando que sempre teve a ideia de que "era interessante a dispersão" do acervo do arquiteto para a "valorização da sua obra", em especial da que existe no concelho.
O arquiteto Siza Vieira anunciou na quarta-feira ter optado por doar uma parte do seu acervo às fundações portuguesas Gulbenkian e de Serralves, e outra ao Centro Canadiano de Arquitetura (CCA).
Segundo Guilherme Pinto, é objetivo da autarquia colocar todo o acervo que possui de Siza, referente a obras projetadas e construídas no concelho, num museu de arquitetura a criar no edifício da Real Vinícola, após a sua reabilitação.
Na semana passada, o autarca disse que o projeto desenhado por Siza para a Casa da Arquitetura, orçado em 43 milhões de euros, "só pode arrancar se o país assim o entender, se for entendido enquanto projeto nacional".
No comunicado enviado na terça-feira, o arquiteto disse ser seu "desejo que o trabalho de tantos anos seja de algum modo útil, como contribuição para o estudo e debate sobre a arquitetura, particularmente em Portugal, numa perspetiva oposta ao isolamento, (como já hoje sucede e é imprescindível)".
O arquiteto acrescentou que o vereador da Cultura da Câmara do Porto, Paulo Cunha e Silva, manifestou-lhe a intenção de instalar uma galeria de exposição sobre a arquitetura da cidade, constituída em particular por maquetas.
"Comuniquei-lhe o meu apoio a esse propósito, considerando a relevância do projeto para pública informação e debate sobre a arquitetura", enfatizou.
O arquiteto premiado disse ainda que nos últimos anos sentiu a necessidade de organizar o arquivo do seu trabalho, procurando "uma solução que considerasse fundamentada", tendo verificado "existir um interesse evidente, por parte de pessoas e instituições".
"Desenhos e maquetes do meu arquivo encontram-se já, alguns desde há anos, em Paris (Beaubourg), em Nova Iorque (MOMA) e em Londres (Niall Hobhouse Collection), nos respetivos arquivos de arquitetura", recordou.
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