Merkel quer mais flexibilidade e mobilidade laboral na Europa

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Porto Canal / Agências

Madrid, 3 jul (Lusa) - A chanceler alemã, Angela Merkel, defende numa entrevista maior flexibilização do mercado laboral, mais mobilidade no espaço europeu e mais esforços dos mais ricos para ajudar a fomentar o crescimento e estimular o desemprego jovem na Europa.

"Tenho a sensação de que os cidadãos de muitos países sabem perfeitamente quais foram os erros cometidos nos seus países no passado. Lamento que com frequência sejam precisamente os que não tiveram nada que ver com esses erros, os jovens e os mais desfavorecidos, quem hoje mais padecem as consequências", disse na entrevista conjunta a vários jornais europeus.

"Com frequência, as pessoas com capital já saíram do país ou contam com outras possibilidades para se proteger. Os ricos nos países mais afetados pela crise poderiam ser muito úteis se se comprometessem mais. É muito lamentável que parte das elites económicas assumam tão pouca responsabilidade pela deplorável situação atual", considerou.

Numa entrevista conjunta a vários órgãos de informação europeus, entre os quais o jornal El Pais, Merkel refere-se amplamente à questão do desemprego juvenil, tema de uma conferência de líderes europeus hoje em Berlim, considerando que o mercado laboral deve ser mais flexibilizado.

Questionada sobre o porquê do interesse pelo desemprego juvenil, a três meses das eleições alemãs, Merkel defende que "esperar pelas mudanças nos tratados europeus seria muito tarde".

Merkel apresenta a experiência do seu próprio país na redução do desemprego jovem, problema que considera "o mais urgente" do momento atual na Europa e que, garante, tem procurado combater há algum tempo.

Como exemplo refere o diálogo que manteve com as empresas alemãs sobre a possibilidade de medidas e programas adicionais para fomentar o emprego jovem em Espanha, Grécia ou Portugal.

"Quando o parlamento europeu aprovar dentro de pouco o orçamento teremos, finalmente, o dinheiro adicional necessário para tal fim", disse, afirmando que a par de dinheiro, solucionar o problema passa por manter a agenda de reforma estruturais das economias.

Questionada sobre o facto de muitos dos jovens que partem dos seus países à procura de trabalho encontrarem na Alemanha trabalhos precários e mal pagos, Merkel garante que o seu país não quer fomentar um mercado de salários baixos mas continua à procura de mão-de-obra qualificada.

"A taxa de desemprego jovem em alguns países é demasiado elevada há muitos anos e agora com a crise voltou a aumentar. Num continente que envelhece esta é uma situação insustentável. Não deve haver nenhuma geração perdida", disse.

Entre as soluções encontradas na Alemanha Merkel defende "formação interempresarial" e formação profissional mas recorda que resolver o problema do desemprego jovem "não é imediato".

Na entrevista Merkel, admite ainda que o "problema dos elevados custos de financiamento das empresas tem sido mais persistente" do que os líderes europeus esperavam, pelo que deve continuar a melhoria da regulamentação do setor bancário e avançar-se na supervisão bancária europeia.

A chanceler alemã insiste que "não tem que haver conflito entre um orçamento saneado e crescimento", que "o endividamento não pode ser a solução" e que é necessário fomentar a competitividade dos países.

ASP // HB

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