Sophia de Mello Breyner Andresen inspira peça que estreia quinta-feira em Lisboa

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 15 jul (Lusa) -- Sophia de Mello Breyner Andresen foi o mote para a criação do monólogo "O olhar inabitado das manhãs", de Cátia Terrinca, que se estreia na quinta-feira, no palmário do Jardim Botânico de Lisboa, ao Príncipe Real.

"Escolhemos um jardim pela grande ligação da poesia de Sophia à natureza - por esta coisa que nos envolve -, e fazia todo o sentido fazer dentro do jardim, que transmite outras coisas, e não é apenas a sua poesia que inspirou o monólogo que Sara Carinhas interpreta, mas também o seu ideário como mulher", disse à Lusa o encenador Daniel Gorjão.

Embora conheça a poesia de Sophia, Daniel Gorjão não chegou a conhecer pessoalmente a escritora. Por isso suportou o trabalho em documentários sobre a sua vida, no que a poetisa escreveu, nas suas fotografais, nas intervenções cívicas que protagonizou, "e de tudo isto, em conversa, foram surgindo as ideias para a peça, que só pontualmente cita escritos de Sophia".

"A peça parte do universo de Sophia, mas não é um texto que sobreviva do movimento corporal da atriz", sublinhou.

"À helénica, muito ao gosto da obra de Sophia, a atriz veste-se de branco e surge no mesmo plano do público, sem qualquer estrado ou palco que a saliente", explicou o encenador, acrescentando que peça, que estará em cena até 19 julho, tem a duração de 45 minutos.

"O olhar inabitado das manhãs" é uma produção do Teatro do Vão, uma associação cultural sem fins lucrativos, fundada em junho de 2012, por criadores de diferentes disciplinas artísticas, que visa "explorar uma nova linguagem artística -- de pesquisa, experimentação e multidisciplinariedade", segundo um comunicado enviado à Lusa.

Daniel Gorjão, de 30 anos, frequentou o Curso de Formação de Atores da Universidade Moderna e a Escola Superior de Teatro e Cinema. Em 2003, ingressou na Companhia de Filipe la Féria, onde se estreou profissionalmente. Em 2010 criou e dirigiu o espetáculo "um dia dancei SÓ dancei um dia", que venceu o Prémio Emergentes do Festival de Almada

Sophia de Mello Breyner Andresen, autora entre, outras obras, de "Coral", morreu há dez anos, na sua residência, em Lisboa, e, no passado dia 02 de julho, os seus restos mortais foram traladados para o Panteão Nacional, facto que a Assembleia da República, unanimemente, justificou como forma de homenagear "a escritora universal, a mulher digna, a cidadã corajosa, a portuguesa insigne", e de evocar o seu exemplo de "fidelidade aos valores da liberdade e da justiça".

Além de poesia, que lhe valeu vários prémios, entre os quais o Prémio Ibero-Americano Rainha Sofia, em 2003, Sophia de Mello Breyner Andresen escreveu ficção infantil, teatro e ensaio.

Em 1999 recebeu o Prémio Camões. Na cerimónia de entrega, o Presidente da República Jorge Sampaio salientou a "beleza tão alta e exata" que fez da sua obra, considerando-a "uma das criações em que nos revemos e de que nos orgulhamos".

NL // MAG

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