Sindicato demarca-se do pedido de insolvência da Ambar
Porto Canal / Agências
Porto, 02 jul (Lusa) -- O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (SITE) do Norte esclareceu hoje que o pedido de insolvência da Ambar foi apresentado por um grupo de 30 quadros e chefias da empresa, à revelia dos restantes trabalhadores.
"Não foram os trabalhadores da Ambar que, em fevereiro de 2013, requereram a insolvência da empresa. A iniciativa do pedido de insolvência é da responsabilidade de um grupo de 30, constituído na maioria por quadros, diretores e chefias, incluindo uma ex-administradora, e que não consultaram ou forneceram qualquer informação à maioria dos trabalhadores e ao sindicato que acompanhava a situação", informa o SITE Norte em comunicado.
Em causa está a recente divulgação de uma carta enviada ao Governo, à Procuradoria Geral da República e aos grupos parlamentares pelo grupo de trabalhadores que, a 05 de fevereiro passado, requereu a insolvência da empresa de produtos de papelaria.
Nessa missiva, os signatários acusam os administradores de insolvência que acompanham o processo de decidirem o fecho da empresa de produtos de papelaria do Porto em apenas duas reuniões, sem apresentarem qualquer justificação para o efeito, e garantem que a empresa é viável.
Segundo se lê nessa carta, "conscientes e apreensivos com a incapacidade pessoal, técnica e profissional repetida e publicamente confessada pela administração" da empresa, esse grupo de trabalhadores requereu um pedido de insolvência especial, mas apenas com o propósito de permitir "a viabilização da empresa", conforme dizem estar "bem explícito na fundamentação do processo".
No comunicado hoje emitido, o SITE Norte garante que os trabalhadores estão "contra o fecho da Ambar", tendo o "grupo de 30 pessoas" que requereu a insolvência desencadeado "um processo que não podiam controlar e sem medir as suas consequências, acabando por facilitar intenções e objetivos da administração da empresa".
"É lamentável o acompanhamento à situação e medidas assumidas pelos administradores judiciais da insolvência, nomeados pelo tribunal. Mas, infelizmente, a sua atuação, é no essencial, igual à da generalidade dos outros administradores em outros processos, com uma ou outra exceção", sustenta.
Segundo o sindicato, na origem do pedido de insolvência apresentado está "um grupo de quadros e chefias que sempre esteve ao lado da administração, durante anos e anos, até para ajudar a impedir que os trabalhadores se organizassem com eficácia".
"Quando verificou que a situação já não era só difícil para a generalidade dos trabalhadores, mas também os atingiu a eles, decidiu requerer a insolvência em curso, que poderá levar ao encerramento da Ambar, se não for apresentado e aprovado um plano de recuperação na assembleia de credores marcada para 17 de setembro", refere.
Com cerca de 150 trabalhadores, a Ambar passou de uma faturação de 20 milhões de euros em 2010 para seis milhões em 2012, tendo nos últimos anos os funcionários vindo a questionar a qualidade da gestão, marcada por situações de salários em atraso e recurso ao 'lay off' [suspensão temporária do contrato de trabalho].
PD // MSF
Lusa/fim