Tribunal indiano suspende pena de morte para acusados de violação coletiva
Porto Canal / Agências
Nova Deli, 14 jul (Lusa) - O Supremo Tribunal da Índia suspendeu hoje a pena de morte a dois dos quatro homens culpados de uma violação coletiva letal de uma estudante em Nova Deli, que indignou a sociedade indiana e o mundo.
O tribunal suspendeu temporariamente a sentença de Vinay Sharma, um instrutor de ginásio, e de Akshay Singh, um funcionário de limpezas de autocarros pelo ataque de 2012 enquanto os seus recursos são avaliados, revelou o advogado que os representa.
"A sentença foi suspensa pelo tribunal após apresentarmos um pedido de licença especial", afirmou A.P. Singh à agência France Presse.
"Queremos que um banco de juízes inteiro oiça este recurso. As acusações feitas contra os meus clientes são completamente falsas, eles foram acusados injustamente", disse o advogado, afirmando ainda que "eles nem se encontravam em Deli quando o crime supostamente ocorreu".
Quatro adultos foram condenados à pena de morte no ano passado pela violação de uma mulher de 23 anos num autocarro da capital indiana em dezembro de 2012, um crime que provocou semanas de protestos devido ao tratamento das mulheres na Índia.
Em março de 2014 o tribunal supremo manteve a pena de morte para os quatro, incluindo Sharma e Singh, afirmando que o crime cai "na mais rara das categorias", justificando a execução.
Os restantes dois condenados, Mukesh Singh e Pawan Gupta, também apresentaram um pedido de recurso, sendo as suas sentenças também suspensas.
A estudante de fisioterapia foi violada após ter sido enganada e atraída pelos acusados a um autocarro privado para ir para casa após ter ido ao cinema com um amigo.
O amigo da vítima foi espancado e o par foi largado mais tarde à beira da estrada, nus e com os corpos marcados pela violência que sofreram.
A mulher morreu 13 dias após o ataque devido a ferimentos infligidos, após ter sido transportada de helicóptero para um hospital em Singapura.
A jovem de 23 anos sobreviveu tempo suficiente para dar informações à polícia que lhes permitiu prender os atacantes, cujo julgamento foi acelerado.
A mãe da vítima, que se mantém no anonimato devido a razões legais, descreveu a suspensão da sentença como irracional.
O pai da vítima disse que o recurso apenas atrasou a execução dos homens "sem razão aparente", adicionando que a suspensão "irá tornar os criminosos mais audaciosos".
O ataque levou à adoção de regras mais rígidas contra violadores e ofensores por crimes sexuais e mostrou ao mundo o que grupos de direitos das mulheres no país chamam de "epidemia de violações".
Apesar da indignação provocada pelo ataque e a revisão das leis, a Índia ainda é o palco de uma proliferação de violência sexual contra as mulheres.
Um jovem também foi condenado a uma pena máxima de três anos pela violação, enquanto outro suspeito foi encontrado morto, aparentemente por suicídio, na sua cela.
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