Fim das obras na Ribeira das Naus (Lisboa) divide opinião de comerciantes da zona
Porto Canal / Agências
Lisboa, 10 jul (Lusa) -- Comerciantes da zona do Cais do Sodré, Lisboa, dividem-se nas opiniões sobre as obras na Ribeira das Naus, com uns a elogiarem o aumento do turismo e outros a criticarem o caos no trânsito, provocado pelo corte daquela avenida.
Vários comerciantes ouvidos hoje pela agência Lusa - depois de a Câmara de Lisboa ter anunciado que que a segunda fase das obras na Ribeira das Naus terminou" e de o presidente da autarquia, António Costa, ter dito que a circulação automóvel na Ribeira das Naus, que liga o Cais do Sodré ao Terreiro do Paço, será retomada em setembro, mas "com muitas restrições" -, estão muito divididos sobre esta questão.
A Câmara de Lisboa divulgou hoje, em comunicado, que "as obras na Caldeirinha, na Doca Seca e na frente da Ribeira das Naus terminaram", estando agendada para domingo uma iniciativa para assinalar a conclusão dos trabalhos, que contará com a presença do presidente do município, António Costa.
O trânsito na Avenida Ribeira das Naus foi cortado em abril, para finalizar as obras de requalificação daquela zona ribeirinha da cidade, mas muitos dos comerciantes, moradores e funcionários de empresas da zona manifestam o seu descontentamento com o caos criado no trânsito, que foi desviado da Ribeira das Naus para a Rua do Arsenal e Bernardino Costa, com constantes "engarrafamentos" ao longo do dia, entre transportes públicos e viaturas particulares.
Na quarta-feira, o autarca já tinha adiantado que a reabertura ao trânsito naquela avenida aconteceria em setembro, mas "com muitas restrições" e que o mesmo será interditado durante os fins de semana e férias escolares.
Em declarações à Lusa, o proprietário de um quiosque situado junto ao rio disse hoje que as intervenções permitiram que a zona "ganhasse uma vida completamente diferente", sendo um sítio muito frequentado por turistas. Já quanto às alterações na circulação na avenida, Nuno Magalhães considerou-as positivas.
De opinião diferente são os comerciantes Miguel Felgueiras e Filipa Fernandes, cujos estabelecimentos estão localizados no início da Ribeira das Naus, junto ao Cais do Sodré, sobretudo devido às alterações do trânsito e os congestionamentos diários.
Miguel Felgueira, proprietário de um restaurante, referiu que não concorda com os cortes no trânsito aos fins de semana e durante as férias escolares, porque se trata de "uma estrada que liga Lisboa de uma ponta à outra".
Já Filipa Fernandes, gerente de um bar, indicou que "a entrada pelo Corpo Santo está caótica", no seguimento dos desvios na circulação.
O morador José Maria Pacheco pensa de forma semelhante: "O constrangimento das obras na Ribeira das Naus vai ser permanente, independentemente de [a avenida] abrir ao trânsito".
Salientando que isso vai provocar ainda mais dificuldades em transitar de automóvel, o também membro do grupo informal Associação Cais do Sodré acrescentou que "'as pessoas não têm incentivo para não virem para a zona de carro, embora seja provavelmente a área mais bem servida da cidade por transportes públicos", nomeadamente por elétricos, metro, autocarros, barcos e comboios.
Questionada pela Lusa, a presidente da junta de freguesia da Misericórdia, Carla Madeira, escusou-se a prestar declarações, dizendo que vai estudar o assunto.
"Irei analisá-las [alterações] para ver qual o impacto que têm na população, que é o que mais me importa", assegurou.
No evento de domingo, está programado para as 16:00 um embarque num barco tradicional da Marinha do Tejo, para uma viagem entre a Doca da Marinha (junto à estação Sul e Sueste) e a Ribeira das Naus.
Às 17:00 será realizada uma visita à Doca Seca e Caldeirinha e pelas 18:00 inaugurada a exposição "Maresias -- Lisboa e o Tejo, 1850-2014", no Torreão Poente do Terreiro do Paço.
A segunda etapa da intervenção na Ribeira das Naus começou há cerca de um ano, quando a Câmara de Lisboa inaugurou a primeira fase das obras na frente ribeirinha daquela avenida, que incluíram o avanço da margem sobre o rio, a criação de um pequeno espaço verde e de uma pequena praia.
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