Barroso espera "clareza" de Washington sobre notícias perturbadoras das escutas
Porto Canal / Agências
Estrasburgo, França, 02 jul (Lusa) -- O presidente da Comissão Europeia disse hoje, em Estrasburgo, esperar "clareza e transparência" dos "parceiros norte-americanos" relativamente às notícias sobre alegada espionagem às instituições da União Europeia, que classificou como muito "perturbadoras".
José Manuel Durão Barroso, que participa num debate no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, sobre os resultados do Conselho Europeu da semana passada, iniciou a sua intervenção apontando que, antes de falar da matéria em agenda, queria "abordar imediatamente" as "notícias dos últimos dias sobre atividades norte-americanas na UE e em Estados-membros", face à sua "importância política".
"Se estas notícias se revelarem verdadeiras, seria muito perturbador e levantaria preocupações graves e muito importantes", disse, acrescentando que foi, por isso mesmo, que Bruxelas pediu a Washington uma "imediata clarificação do assunto".
Durão Barroso indicou que Bruxelas tem estado em contacto com os autoridades norte-americanas em busca de esclarecimentos, designadamente através do Serviço Europeu de Ação Externa, o corpo diplomático da UE, tendo a Alta Representante para os Negócios Estrangeiros, Catherine Ashton, discutido já o assunto com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry.
"A Comissão espera clareza e transparência dos parceiros e aliados, e é isso que esperamos dos nossos parceiros norte-americanos", concluiu Durão Barroso.
A alegada espionagem dos EUA à UE acabou por se introduzir no debate, com o líder parlamentar dos Liberais, a terceira maior família política da assembleia, a defender, na sua intervenção, que a Europa deve ter uma resposta "firme", e a mesma deve partir do Parlamento, pois as declarações, até ao momento, da Comissão e do presidente do Conselho foram "fracas".
"Só têm dito que estamos preocupados. Nós não estamos preocupados; nós estamos zangados, indignados", exclamou Guy Verhofstdadt.
No início da sessão plenária que decorre em Estrasburgo desde segunda-feira, o presidente do Parlamento Europeu, que já reagira no fim-de-semana às notícias de escutas, reafirmou o seu "choque" caso a veracidade das revelações se confirmem e para as graves consequências que podem ter nas relações entre Estados Unidos e União Europeia .
O assunto deverá ser debatido na quarta-feira à tarde, pois já estava agendado um debate sobre as implicações do programa de vigilância norte-americano "PRISM" para a privacidade dos cidadãos europeus, que agora será certamente dominado pelas revelações de alegada espionagem à UE.
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