Promoção de residências artísticas aproximam culturas de Portugal e da Tunísia
Porto Canal / Agências
Tunes, 30 jun (Lusa) -- A promoção de residências artísticas para o intercâmbio de experiências culturais é uma aposta pioneira das instituições portuguesas na Tunísia, já com resultados concretos nas áreas da cerâmica ou do fado.
"Começámos a trabalhar na organização de residências artísticas [para] reunirmos artistas portugueses com tunisinos, estarem algum tempo, trabalharem e produzirem em conjunto", revelou à Lusa Isabel Gaspar, do Camões - Instituto de Cooperação e da Língua, formadora na área da língua e colocada na embaixada de Portugal na Tunísia desde outubro de 2011.
Os resultados surgiram já em 2014, com a presença no país magrebino da ceramista portuguesa Sofia Beça, que integra a associação internacional de ceramistas e durante duas semanas trabalhou na produção de um mural à entrada da galeria municipal de artes de Sfax, a segunda maior cidade tunisina.
"Promovemos esta primeira etapa a nível institucional, para que depois os artistas se lancem a nível comercial, já a título privado", precisou Isabel Gaspar no decurso de uma receção na embaixada em Tunes à comunidade portuguesa e na presença do chefe da diplomacia Rui Machete, que hoje conclui uma visita oficial de dois dias à Tunísia.
A segunda residência culminou na sexta-feira com um concerto no Centro de Centro de música árabe e mediterrânica em Sidi Bou Said, nos arredores da capital e que organiza um festival anual, em colaboração com embaixadas de diversos países, para a promoção de jovens que se distinguem na área da música.
"É possível trabalhar ao nível das residências. Foi o que fizemos agora, com o cantor de fado José da Câmara e a guitarra portuguesa de Luis Petisca, e três músicos tunisinos. Uma oportunidade única de juntar vozes de dois registos tradicionais e importantes, muito caros aos públicos português e tunisino", assinalou.
Uma iniciativa que procura encontrar áreas que "sensibilizem os dois lados", como é o caso da cerâmica ou do canto árabe. "Estas residências também permitem a hipótese de, mais tarde, se promover a mobilidade".
Ainda no campo da cooperação, área que assegura, Isabel Gaspar referiu-se à proposta do ministério da Educação tunisino para que o estudo do português possa ser incluído como uma oferta a nível do ensino secundário, e quando já figura nos currículos escolares de duas universidades tunisinas.
"Significará provavelmente cerca de duas horas semanais, a par de outras ofertas como a língua turca. A informação está a ser analisada por Lisboa, e aguardam-se novos detalhes sobre esta proposta", esclareceu.
A concluir, e numa referência a outra significativa área de cooperação cultural, Isabel Gaspar recordou o significativo protocolo do Campo Arqueológico de Mértola, e cinco universidades portuguesas associadas, com a Universidade de la Manouba e a Universidade de Cartago. Objetivo: transmitir a "herança árabe-muçulmana".
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, iniciou domingo uma visita oficial de dois dias à Tunísia para manter encontros bilaterais com os principais responsáveis políticos e participar no encerramento o Conselho de Negócios luso-tunisino.
No domingo, encontrou-se com representantes dos principais partidos políticos e participou num jantar a convite do seu homólogo tunisino Mongi Hamdi, com quem manterá na manhã de hoje um encontro bilateral.
Antes do regresso a Lisboa, estão ainda previstos encontros com o primeiro-ministro, Mehdi Jomaa, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Mustapha Ben Jaafar, e a presença no encerramento o Conselho de Negócios luso-tunisino.
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