Cidadãos deficientes vivem hoje emoções fortes nos céus de Fátima

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Porto Canal / Agências

Fátima, 28 jun (Lusa) -- Sentado na cadeira de rodas, Rui Pedro, de 42 anos, olhava a agitação na pista do aeródromo de Fátima, enquanto esperava que a avioneta amarela lhe desse boleia para voar pela primeira vez.

"Estou contente", disse aos jornalistas o utente do Centro de Deficientes Profundos João Paulo II, de Fátima, negando nervosismo ou medo na aventura que estava prestes a começar. "A Elisabete vai comigo", justificou.

Elisabete Dias é a educadora social da instituição onde mora Rui Pedro e também ela se mostrava satisfeita pela "oportunidade única que o centro nunca poderia proporcionar".

"Eles nunca voaram, é a concretização, se calhar, de um sonho para alguns", afirmou a educadora, explicando que da instituição receberiam hoje batismo de voo 20 utentes, a maioria com paralisia cerebral, mas com "alguma capacidade cognitiva para poderem usufruir ao máximo deste dia".

Hoje, até ao final do dia, se as condições climatéricas o permitirem, são 200 os utentes de várias instituições de apoio a deficientes da região que vão ter o seu batismo de voo, numa iniciativa organizada pelos "Cavaleiros do Céu Portugal".

Entre eles estava Edgar, de 23 anos, da Cercilei - Cooperativa de Ensino e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Leiria, que, momentos antes de entrar na aeronave, assegurava estar "normal", enquanto esperava que o batismo de voo lhe desse outras emoções.

Ao lado de Manuel Silva, o piloto que a haveria de levar pelos céus de Fátima, Lucete, de 12 anos, também utente do Centro de Deficientes Profundos, confessava não ser uma estreante de aeronaves, mas admitia, num misto de expectativa e nervosismo, ter medo, apesar do gosto pelas alturas.

Já em terra, e depois de ter visto "as casas do santuário", expressou o desejo de repetir.

A mesma vontade tem a organização do evento, possível devido à junção de esforços do Rotary Club de Crécy-en-Brie e do Lions Club de Montfermeil Coubron, associações dos arredores de Paris de que fazem parte os pilotos "Cavaleiros do Céu" que, em cinco aeronaves oriundas de França, permitem hoje os batismos de voo.

"Se conseguirmos ter amigos que nos ajudem seria bom todos os anos podermos fazer a mesma coisa", declarou Manuel Silva, emigrante em França e membro do Clube Rotário, que tem no sorriso dos seus passageiros o melhor retorno da viagem ao país de origem para fins solidários.

"Os sorrisos, quando eles saem do avião, são uma coisa fantástica e o nosso coração fica muito alegre e bate com uma força terrível", declarou o emigrante, natural de Pombal.

Mário Martins, natural de Vila Nova de Foz Coa, membro do clube Lions francês, era, também ele, o rosto da felicidade.

"Hoje conseguimos dar esta alegria a estas crianças, uma coisa que a nós, pilotos, nos enche e, no fundo, somos nós os felizes", referiu o emigrante, admitindo que é uma forma de partilhar também com Portugal o sucesso alcançado no país de destino.

Adiantando que os portugueses, nas respetivas associações, têm "tendência" em ajudar o país de acolhimento, Mário Martins salientou que Portugal não é esquecido: "É com muita honra que estamos a fazer isto".

SR // ROC

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