"Trabalho ruim" dos mineiros de urânio retratado em livro a lançar no sábado

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Porto Canal / Agências

Nelas, 27 jun (Lusa) -- As condições em que trabalharam e viveram os antigos mineiros de urânio, sobretudo aqueles que estavam na Urgeiriça, na freguesia de Canas de Senhorim, concelho de Nelas, são retratadas num livro a lançar no sábado.

"A vida dos trabalhadores do urânio. Trabalho ruim", é o nome da obra do investigador Carlos Jorge Mota Veiga, que é natural de Canas de Senhorim e chegou a ser presidente de Junta desta freguesia na década de 80.

"O meu objetivo foi estudar a vida dos trabalhadores em ambiente laboral e as suas condições sociais e familiares", disse à agência Lusa, explicando que o subtítulo da obra resume a conclusão a que chegou.

Segundo Mota Veiga, a expressão "trabalho ruim" era "muito comum na boca dos mineiros".

"Pequei no sentimento, no estado de alma dos velhos mineiros dos anos 50/60, porque as condições de trabalho eram extremamente penosas, muito duras", justificou.

O investigador explicou que, "naturalmente, ao longo dos anos as condições foram sendo melhoradas através da introdução de maquinaria", mas as exigências não eram apenas físicas, mas também mentais.

"É difícil imaginar-nos durante nove horas consecutivas dentro de uma mina, em tremendas condições de humidade e com poeiras", referiu, lembrando que, com o tempo, se veio a constatar que aos riscos tradicionais das minas, nas de urânio "pode haver partículas radioativas em suspensão que, inaladas ao nível dos pulmões, têm consequências tremendas ao nível de saúde", bem como o gás radão.

Mota Veiga contou que, "depois do 25 de Abril (de 1974), quando começou a circular alguma literatura sobre as questões da radioatividade", pode ter surgido alguma apreensão, mas "não foi de molde a precaver os trabalhadores".

"Efetivamente eles não tinham a perceção do risco que estava associado à sua própria atividade e ao ambiente em que trabalhavam", considerou, explicando que "esses riscos não estavam circunscritos às minas, transportavam-se para o exterior, nomeadamente para junto da Oficina de Tratamento Químico" e restantes secções, incluindo os escritórios.

Segundo o investigador, a exploração dos minérios radioativos em Portugal terá começado em 1908, numa mina do concelho do Sabugal (no distrito da Guarda). O início da exploração das minas da Urgeiriça (no distrito de Viseu) terá sido em 1913.

O urânio foi explorado sobretudo em minas situadas nos distritos de Viseu e da Guarda. Era na Urgeiriça que estavam as principais reservas de urânio e foram implantadas as principais infraestruturas de transformação do minério.

Foi na Urgeiriça que esteve sediada a Empresa Nacional de Urânio que teve a seu cargo, desde 1977, a exploração de minas de urânio em Portugal.

A empresa entrou em processo de liquidação em 2001 e encerrou definitivamente no final de 2004.

No sábado, além do lançamento do livro, realizam-se várias iniciativas no âmbito do centenário da exploração de urânio na Urgeiriça, promovidas pela Câmara de Nelas, em parceria com a Empresa de Desenvolvimento Mineiro, a Associação dos Ex-Trabalhadores das Minas da Urânio e a Associação Ambiente em Zonas Uraníferas.

O objetivo é mostrar o papel que as minas da Urgeiriça desempenharam na expansão económica do concelho e o esforço dos trabalhadores que nelas trabalharam.

AMF // ZO

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