Economia de proximidade faz sentido, apesar de globalização, defende economista

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Porto Canal / Agências

Viseu, 20 jun (Lusa) -- O docente do Instituto Politécnico de Viseu (IPV) Alfredo Simões defendeu hoje que o desenvolvimento da economia de proximidade faz sentido, apesar de, nos tempos atuais, a palavra de ordem ser a globalização.

Ao intervir hoje num congresso sobre agricultura familiar, Alfredo Simões explicou que a economia de proximidade tem a ver com "produzir localmente, transformar localmente e consumir localmente".

Segundo o economista, há "circuitos curtos de comercialização", ou seja, "ligações muito diretas entre produtores e consumidores locais".

"Nos tempos que correm, em que se fala de globalização, de abertura do mercado, da economia global, isto terá algum interesse? Faz sentido andarmos preocupados com esta pequena agricultura em termos locais?", questionou.

Alfredo Simões disse não ter dúvidas que "faz todo o sentido" apostar na economia de proximidade, por razões económicas, ambientais e sociais.

Para comprovar as vantagens em termos económicos, o professor da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPV baseou-se em estudos feitos nos Estados Unidos da América.

Um desses estudos refere que, "sempre que se aumentam em um dólar as despesas da compra de produtos locais, isso induz um acréscimo de 1,47 dólares nos restantes setores".

"O que quer dizer que, se nós dinamizarmos esta economia local, o que estamos a fazer é, igualmente, a dinamizar as outras atividades, como o comércio e pequenas atividades de prestação de serviços na aldeia, no concelho", considerou.

Um outro estudo provou que, "por cada dez empregos criados no setor agrícola local, são criados simultaneamente entre seis e sete postos de trabalho em outros setores".

O economista aludiu a um terceiro estudo que mostra que "a parcela do rendimento que fica na região quando os produtores são residentes é três vezes superior à parcela do rendimento que fica quando a produção dos bens agrícolas pertence às grandes cadeias alimentares".

"Ao promovermos esta economia de proximidade estamos efetivamente a gerar riqueza no próprio setor agrícola e nos outros setores. Rendimento esse que fica na região, para que todos tenhamos maior poder de compra e satisfaçamos melhor as necessidades", sublinhou.

No que respeita às vantagens ambientais, o docente apontou a redução da emissão de CO2 para a atmosfera, que habitualmente acontece devido à circulação dos camiões que transportam produtos agrícolas.

Por outro lado, "ao desenvolver-se as economias ao nível local, está-se a promover o uso do território", evitando o seu abandono, "que é um perigo real que existe em muitas zonas do país, particularmente no interior da zona centro", acrescentou.

Na sua opinião, "de facto, esta agricultura, que pode parecer uma coisa sem significado, tem um peso económico e um impacto significativo no ambiente ou nas questões sociais".

AMF // SSS

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