PCP acusa Câmara de Viseu de atentado paisagístico no Mercado 2 de Maio
Porto Canal / Agências
Viseu, 13 jun (Lusa) - A Comissão Concelhia de Viseu do PCP acusou hoje a Câmara de Viseu de estar a levar a cabo um "atentado paisagístico e cultural" no mercado 2 de Maio, onde foi arrancada uma magnólia e instalado um carrossel.
"É inacreditável o que a Câmara Municipal de Viseu está a fazer no Mercado 2 de Maio. Num ato de total insensibilidade cultural e estética, de despudorada falta de respeito pelo projeto arquitetónico do espaço e pelo seu autor, o arquiteto Siza Vieira, o executivo municipal está a instalar naquele local, depois de ter arrancado uma das magnólias, um carrossel de feira", apontou.
Em comunicado, o PCP de Viseu sublinhou que é de uma arrogância cultural sem limites destruir o que existe sem consultar o autor da obra, "enxertando um mamarracho intruso e pindérico, onde havia harmonia de formas, coerência de traço, beleza e arte".
"É como se, pressionado por uma qualquer modernidade sem substância, um 'iluminado' fizesse um grafite sobre o quadro da Mona Lisa, assassinando a sua originalidade e natureza", acrescentou.
Contactada pela Lusa, fonte da Câmara de Viseu esclareceu que estão a tentar revitalizar e reanimar o Mercado 2 de Maio, de forma a que se transforme numa verdadeira âncora social, económica e cultural do centro histórico da cidade.
"O desenvolvimento de uma agenda de eventos regulares na praça do Mercado 2 de Maio e a colocação de um carrossel são contributos para a realização deste objetivo e para a sua valorização social, entre outros que surgirão no futuro", salientou, refutando qualquer acusação de 'atentado', "na justa medida em que a identidade da praça é e será sempre um valor respeitado e salvaguardado".
No entanto, para a concelhia de Viseu do PCP, não é a instalação de um carrossel de feira que resolve o problema do comércio naquela zona, defendendo que o "atentado bárbaro" tem de ser imediatamente parado.
"Não é a existência do Mercado 2 de Maio que cria dificuldades ao comércio local. O problema está na proliferação de grandes e mega superfícies comerciais no concelho, licenciadas pela Câmara de Viseu e no empobrecimento generalizado da população, imposto pelo Governo PSD/CDS, no qual o atual presidente da Câmara foi secretário de Estado", realçou.
No documento, o PCP referiu ainda que se o executivo da Câmara de Viseu entende que faz falta um carrossel para as crianças da cidade, tem outros locais para o instalar.
Como exemplo, apontou o Parque Aquilino Ribeiro, que "tem vocação para equipamentos desta natureza" e "a vantagem dos adultos poderem passear livremente as suas crianças, usufruindo dos percursos e sombras existentes".
"Levando este original conceito de dinamização e animação à risca, não tarda nada o executivo manda colocar à porta do Museu Grão Vasco uma 'roulotte' de farturas e no Adro da Igreja da Misericórdia umas barracas de finos", ironizou.
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