Tribunal de Famalicão condenou gerente de supermercado que atropelou 2 grevistas
Porto Canal / Agências
Famalicão, 26 jun (Lusa) -- O Tribunal de Famalicão condenou a três anos de prisão, com pena suspensa, o antigo administrador do supermercado Intermarché em Calendário, Famalicão, pelo atropelamento de duas dirigentes sindicais que integravam um piquete de greve, em novembro de 2010.
Segundo a decisão, a que a Lusa hoje teve acesso, o arguido, Alfredo Guimarães, foi condenado por dois crimes de ofensas à integridade física qualificadas e por um crime de detenção de arma proibida.
A suspensão da pena prisão fica condicionada ao pagamento, por parte do arguido e no prazo de um ano, a entregar a associações de bombeiros de Famalicão a quantia de 1500 euros.
Os factos remontam a 24 de novembro de 2010, dia de greve geral, quando um piquete de greve se encontrava à entrada do parque exterior daquele supermercado.
Segundo o tribunal, o então administrador da superfície comercial, que surgiu ao volante de um automóvel "de grande porte" e a uma "velocidade excessiva para o local", apontou o veículo na direção do piquete e atingiu duas sindicalistas.
Estas tiveram de receber assistência hospitalar, sofrendo lesões que determinaram quatro dias de doença para uma e 155 para a outra.
Segundo o tribunal, o arguido atuou "de forma desleal e traiçoeira, com cobardia e desumanidade" e ainda com "desprezo" pelas vítimas.
O arguido era ainda acusado de ter ameaçado com uma arma de fogo outros dois elementos do piquete de greve com quem entretanto se envolvera em agressões, mas o tribunal desvalorizou aquela conduta, admitindo que terá sido apenas o meio que encontrou para resguardar a sua integridade física.
O arguido acabou detido pela PSP, que lhe apreendeu ainda a arma de fogo, de calibre 6,35 milímetros, que tinha em seu poder, sem ser possuidor da respetiva licença.
O arguido já tinha sido condenado num outro processo por detenção ilegal de arma.
Para a União de Sindicatos de Braga, com a condenação agora aplicada pelo Tribunal de Famalicão "foi feita justiça e reposta a legalidade".
"Serve o exemplo para patrões que, com estas atitudes, demonstram não saber viver em democracia", acrescentou.
Por causa daqueles incidentes, a seguradora do veículo em que seguia o arguido tem de pagar indemnizações que ascendem a mais de 16.500 euros, acrescidas de juros, às duas sindicalistas.
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