Grupo guerrilheiro lançou panfletos em Caracas apelando à luta do povo
Porto Canal / Agências
Caracas, 06 jun (Lusa) -- A polícia política da Venezuela está a investigar a origem de panfletos lançados em Caracas pelo movimento "Forças Bolivarianas de Libertação" apelando a uma luta contra a velha oligarquia e a nova 'boliburguesia' (burguesia bolivariana).
As Forças Bolivarianas de Libertação (FBL) são um grupo guerrilheiro que opera em povoações venezuelanas próximas da fronteira com a Colômbia e é, alegadamente, constituído por antigos radicais de esquerda.
Em 2002 manifestaram apoiar o Governo do presidente Hugo Chávez, apesar de o falecido líder condenar publicamente as suas atividades.
Os panfletos foram colocados em caixas que explodiram, quinta-feira, em três zonas do centro de Caracas, entre elas junto do Banco Central da Venezuela e do Ministério de Economia e Finanças, provocando a mobilização de um forte dispositivo de segurança nos acessos ao palácio presidencial de Miraflores.
"Basta de medo e cumplicidade, lutemos contra a aliança oligárquica e 'boliburguesa'. Que a crise seja paga pelos que a provocaram", lia-se numa cópia do panfleto que está disponível na Internet.
No panfleto, as FBL questionam o que dizem ser "crises" no país, "a mais grave de todas, a que padece o próprio povo" que "indiferente e politicamente subordinado (...) não terá possibilidade de construir uma pátria decente, soberana, independente, democrática e socialista".
Também na noite de quinta-feira, em Caracas, um grupo de manifestantes concentrou-se em ruas do sul da capital em protesto contra as políticas do Governo do presidente Nicolás Maduro e exigir a libertação de manifestantes detidos.
Por outro lado centenas de pessoas concentraram-se na Praça de Altamira (leste), em protesto contra a decisão do tribunal em levar a julgamento o líder opositor Leopoldo López, preso desde 18 de fevereiro e acusado de "incitação pública, danos à propriedade, associação criminosa e autoria moral de fogo posto".
Em El Cafetal (sudeste) dezenas de pessoas bloquearam várias estradas com barricadas de lixo e com escombros.
Há mais de três meses que se registam protestos diários na Venezuela devido à crise económica, inflação, escassez de produtos, insegurança, corrupção, alegada ingerência cubana e repressão por parte de organismos de segurança do Estado.
Alguns protestos degeneraram em confrontos violentos, durante os quais morreram pelo menos 42 pessoas, incluindo dez polícias ou militares. Por outro lado, quase 900 pessoas ficaram feridas, mais de 3.200 foram detidas, das quais mais de 220 continuam presas.
Mais de dez polícias foram detidos e estão em curso 197 investigações por alegadas violações de direitos fundamentais dos manifestantes.
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