Paquistão exige desde hoje vacina contra a poliomielite a quem sair do país
Porto Canal / Agências
Islamabad, 01 jun (Lusa) - As autoridades paquistanesas começaram hoje a exigir um certificado de vacinação contra a poliomielite a todas as pessoas que saiam do Paquistão, uma medida recomendada pela ONU perante o crescimento alarmante da doença em todo o mundo.
Um alto responsável do Ministério da Saúde paquistanês, que pediu para não ser identificado, avançou hoje ao jornal diário local Express Tribune que todos os postos de vacinação nos hospitais e aeroportos devem estar em pleno funcionamento dentro de 24 horas.
O Ministério da Saúde emitiu uma circular aos governos de cada uma das províncias deste país asiático para que se comprometam a certificar que qualquer pessoa que deixa o Paquistão, independentemente da idade, casta ou credo, é vacinada, segundo a agência espanhola Efe.
No início de maio, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou esta medida perante o aumento alarmante de casos de poliomielite no país (61 até agora, contra 91 em 2013) e a evidência de que o Paquistão se tornou o maior foco global de infeção.
A OMS fez uma recomendação para que a vacinação seja obrigatória no Paquistão, nos Camarões e na Síria.
A Efe adianta que o Paquistão se tornou uma dor de cabeça para os organismos internacionais de saúde devido à propagação do vírus para outros países, onde a doença tinha sido erradicada e registaram cinco casos em 2012 e 224 no ano passado.
A Organização Mundial da Saúde confirmou casos recentes desta doença, provenientes do Paquistão, em países como a Síria, Israel, Palestina e Egito.
A subida imparável do número de pessoas infetadas está muito relacionada com a incapacidade de vacinar centenas de milhares de crianças nas regiões tribais no noroeste do Paquistão.
O principal obstáculo para a luta contra a poliomielite no Paquistão é a série de ataques armados perpetrados por grupos fundamentalistas contra as equipas de vacinação, que fizeram 30 mortos, em 2013, e 20 este ano.
Entre outros argumentos, os fundamentalistas afirmam que a campanha contra a poliomielite faz parte de um complô ocidental para esterilizar os muçulmanos e que os vacinadores trabalham como espiões para a Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos
Na semana passada, a CIA anunciou a criação de uma norma de trabalho para que não voltem ser utilizadas nas suas operações falsas campanhas de vacinação, como aconteceu há três anos durante as buscas para encontrar o líder da Al-Qaida, Usama bin Laden.
A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença infeciosa viral aguda transmitida de pessoa a pessoa, principalmente pela via fecal-oral. Atinge em particular crianças com menos de cinco anos.
HN // VM
Lusa/Fim