EUA negam estar a interferir na crise venezuelana
Porto Canal / Agências
Caracas, 24 mai (Lusa) - O Estados Unidos negaram hoje estar a interferir na crise política venezuelana, atribuindo as acusações de Caracas a uma estratégia do Governo da Venezuela para "desviar a atenção".
"Temos sido muito claros sobre não estarmos a ter nenhum papel ou a interferir no que se está a passar na Venezuela", disse a porta-voz adjunta do Departamento de Estado, Mary Harl.
Segundo Mary Harl tudo o que Washington tem dito "constantemente é que as partes necessitam de dialogar para encontrar uma forma de continuar em frente, mas o Governo (venezuelano) ainda não demonstrou vontade de o fazer".
Há três meses que se registam protestos diários na Venezuela, devido à crise económica, inflação, escassez de produtos, insegurança, corrupção, alegada ingerência cubana e repressão por parte de organismos de segurança do Estado.
Alguns protestos degeneraram em confrontos violentos, durante os quais morreram pelo menos 42 pessoas, incluindo dez polícias ou militares.
Na sexta-feira o ministro venezuelano de Relações Exteriores, Elías Jaua, fez uma queixa formal à Unasul contra a alegada ingerência dos EUA nos assuntos internos da Venezuela e contra o financiamento da oposição.
"Os EUA têm desenvolvido aberta e publicamente uma campanha sistemática de ingerência nos assuntos internos da Venezuela, contrariando a conduta dos princípios que servem de fundamento ao ordenamento jurídico internacional, assim como aos valores fundamentais para a manutenção da paz e a segurança internacionais", acusa a Venezuela no documento, a que a agência Lusa teve acesso.
Numa cópia do documento, o ministro precisa que essa campanha se iniciou no mês de fevereiro de 2014, quando foram iniciadas "as ações violentas" de manifestantes que pretendiam derrubar o Governo do Presidente Nicolás Maduro.
Dois projetos de lei para sancionar funcionários do Governo de Caracas acusados de violar os direitos humanos de manifestantes, foram aprovados recentemente pela Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano e aguardam por votação "em pleno" dos 435 congressistas.
Os projetos preveem que sejam revogados os vistos e congelados os ativos de funcionários do Governo de Nicolás Maduro, em território norte-americano.
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